segunda-feira, 21 de abril de 2014

O problema da Indução


O sol tem nascido todos os dias, 
o sol nascerá amanhã

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Alguém pode dizer: "De facto, não podemos deduzir validamente proposições sobre o futuro de proposições sobre o passado; isso seria uma dedução e nós não a temos neste caso. Mas os indícios aqui são indutivos: a indução dá-nos probabilidades, não certezas, mas diz-nos que se as pedras sempre caíram há a probalidade, não a certeza, de que cairão amanhã." Mas isto, claro, é o que Hume põe em questão: a aceitabilidade dos argumentos indutivos. Dizer que há evidência indutiva de que a indução continuará a ser fiável é assumir o que está em questão:

Dizeis que uma proposição [sobre o futuro] é uma inferência da outra [sobre o passado]; mas tendes de admitir que a inferência não é nem intuitiva nem demonstrativa. Então de que natureza é? Dizer que é experimental é assumir o que está em questão. Todas as inferências com base na experiência supõem, como seu fundamento, que o futuro se assemelhará ao passado… É impossível, portanto, que quaisquer argumentos baseados na experiência possam provar esta semelhança do passado com o futuro, uma vez que todos estes argumentos se fundam na suposição dessa semelhança. Admitamos que o curso das coisas tem sido até agora bastante regular, por si só, sem qualquer novo argumento ou inferência, isso não prova que no futuro o continuará a ser.

 Hume, “Dúvidas céticas relativas às operações do entendimento”  in Tratado da Natureza Humana

PROBLEMA DA INDUÇÃO

Princípio da Indução – A natureza é uniforme
Ex: sol tem nascido todos os dias, o sol nascerá amanhã
Como justificar este princípio?
Segundo Hume:

O princípio da indução:
  • não é a priori (não é uma verdade necessária; nenhum argumento dedutivo pode justificar as crenças indutivas)
  •  não é a posteriori (consistiria num argumento indutivo). Afirmar que a crença na uniformidade da natureza é justificada pela experiência implicaria observar toda a natureza, sempre e em qualquer lugar.

A crença na uniformidade da natureza justificava-se de forma indutiva afirmando que se até agora a natureza se tem comportado de determinado modo, acreditamos que ela se irá comportar sempre do mesmo modo.

Justificar a indução com um raciocínio indutivo é um argumento falacioso ( petição de princípio)
A indução não tem justificação racional nem empírica.




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