Magritte, O Além
O sentimento de que estamos
perante um problema quando pomos a questão do sentido da vida é frequentemente
induzido pela contemplação da morte. Na verdade, muitas vezes pensa-se — como
Schopenhauer (1851) e Tolstoi (1886) — que a questão emerge precisamente do
facto de as nossas vidas acabarem com a morte.
No entanto, como alguns
filósofos observaram, a ligação entre a nossa finitude e o sentido da vida é
desconcertante. Se o pressuposto de que todos morremos faz a vida parecer sem
sentido, de que maneira o pressuposto contrário — de que viveremos eternamente
— melhora a situação?
Uma
possível explicação para a ligação entre o pensamento da morte e o medo de que
a vida não tenha sentido é que quando enfrentamos a nossa própria mortalidade
destruímos os nossos ideais de felicidade. Se a felicidade plena fosse
verosímil, ou mesmo possível, poderíamos não sentir a necessidade de encontrar
um sentido — não precisamos de ter uma razão para viver enquanto a vida é
agradável, e o objectivo de atingir a felicidade plena, se esta fosse
atingível, já seria suficiente. No entanto, para alguns, a ideia de que um dia
morrerão torna a felicidade impossível. De uma maneira algo diferente, o
reconhecimento da inevitabilidade da morte da nossa cultura e da nossa espécie,
tal como de nós próprios, pode dar agora a ideia de que os interesses e os
objectivos que tínhamos são destituídos de valor ou vãos.
Uma vez
mais, a crença num Deus pode aliviar estas preocupações. A promessa de uma vida
após a morte, na qual pelo menos alguns atingem a felicidade eterna, renova a
possibilidade de procurar obter a felicidade plena. Por si só, a existência de
um ser eterno e superior que cuida de nós e através do qual pautamos as nossas
vidas alivia a preocupação com a insignificância dos nossos objectivos e da
nossa conduta.
(...)
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Susan Wolf, "O Sentido da Vida", in Crítica, http://criticanarede.com/met_sentidodavida.html
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