sábado, 29 de novembro de 2014

Poderemos considerar as pessoas boas ou más se não tiverem livre-arbítrio?


Magritte

Avaliar as pessoas como boas ou más. Poderemos continuar a considerar as pessoas boas ou más se elas não tiverem livre-arbítrio? Pode parecer surpreendente que diga isto, mas não vejo razão para pensar que não. Mesmo que não tenham livre-arbítrio, as pessoas não deixarão de ter virtudes e vícios. Continuarão a ser corajosas ou cobardes, benevolentes ou cruéis, generosas ou gananciosas.
Um assassino não deixará de ser um assassino - e continuará a ser mau ser um assassino. Obviamente, pode ser possível explicar as más acções de uma pessoa como resultado dos seus genes, da sua história ou da química do seu cérebro. Isto pode levar-nos a ver essa pessoa como alguém que teve azar nas circunstâncias que a fizeram tornar-se naquilo que é. Porém, isto não significa que ela não seja má. Precisamos de distinguir a) a questão de saber se alguém é má pessoa de b) a questão de saber como alguém se tornou má pessoa. Uma explicação causal do carácter de uma pessoa não implica que ela não seja má. Mostra apenas como ela se tornou má.

                                  James Rachels, Problemas da Filosofia

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