Magritte
(O argumento de autoridade é...) Um argumento baseado no testemunho de outras pessoas, em geral com uma forma lógica "X disse que P; logo, P", sendo X uma pessoa ou grupo de pessoas e P uma afirmação qualquer.
Por exemplo: "Einstein disse que nada pode viajar mais depressa do que a luz; logo, nada pode viajar mais depressa do que a luz". Não há regras de inferência precisas para argumentos de autoridade, mas ao avaliar um argumento de autoridade devemos ter em mente os seguintes princípios:
1) O especialista invocado (a autoridade) tem de ser um bom especialista da matéria em causa.
2) Os especialistas da matéria em causa (as autoridades) não podem discordar significativamente entre si quanto à afirmação em causa.
3) Só podemos aceitar a conclusão de um argumento de autoridade se não existirem outros argumentos mais fortes ou de força igual a favor da conclusão contrária.
4) Os especialistas da matéria em causa (as autoridades), no seu todo, não podem ter fortes interesses pessoais na afirmação em causa.
Precisamente porque em questões filosóficas disputáveis, por definição, os especialistas não concordam entre si, em filosofia os argumentos de autoridade são quase sempre falaciosos. Contudo, a maior parte do conhecimento de cada ser humano baseia-se em argumentos de autoridade, no sentido em que se baseia no testemunho de outras pessoas.
Desidério Murcho (adaptado), O Lugar da Lógica na Filosofia
Precisamos muitas vezes de apoiar-nos noutras pessoas para descobrirmos e para que nos digam o que não podemos descobrir sozinhos. Não podemos, por exemplo, testar todos os novos produtos que surgem no mercado; não podemos saber em primeira mão como foi o julgamento de Sócrates; não podemos saber (muitos de nós, pelo menos) se os presos de outros países são torturados. Somos, por isso, forçados a argumentar da seguinte forma genérica:
X (uma pessoa qualquer ou uma
organização que tem obrigação de saber) diz Y.
Logo, Y é verdade.
Os argumentos com esta forma são
argumentos de autoridade. Por exemplo:
As organizações de defesa dos
direitos humanos dizem que alguns presos são torturados no México.
Logo, alguns presos são
torturados no México.
No entanto, por vezes é arriscado
apoiarmo-nos em outrem. Nem todos os novos produtos que surgem no mercado são
bem testados e as fontes históricas são por vezes tendenciosas, tal como as
organizações de defesa dos direitos humanos. Mais uma vez, temos de ter em
conta uma lista de requisitos que qualquer bom argumento de autoridade deve
observar.
Anthony Weston, A Arte de Argumentar
TIPO DE ARGUMENTO
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CRITÉRIOS/ REGRAS
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ARGUMENTO DE
AUTORIDADE
Usa-se como premissa a opinião de um especialista num
assunto
Faz-se o apelo à
autoridade cognitiva
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A
autoridade invocada é reconhecida como
especialista no assunto
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As fontes são citadas (especificado o
livro onde a autoridade faz a afirmação)
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Não existem outros especialistas no
assunto que defendam outras ideias
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As autoridades invocadas são imparciais
(não tenham interesses pessoais)
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