SÓCRATES: Afirmas que és capaz de
ensinar a retórica a quem a quiser aprender contigo?
GÓRGIAS: Afirmo.
SÓCRATES: De tal modo que essa
pessoa fique em condições de ganhar o assentimento de uma assembleia sobre
qualquer assunto, sem a instruir recorrendo apenas à persuasão?
GÓRGIAS: Absolutamente.
SÓCRATES: Dizias há pouco que até
em questões de saúde o orador é mais persuasivo do que o médico.
GÓRGIAS: Sim, perante uma
multidão.
SÓCRATES: Perante uma multidão
quer dizer, certamente, perante aqueles que não sabem, porque, perante aqueles
que sabem, o orador não pode ser mais persuasivo do que o médico.
GÓRGIAS: Dizes bem. (…)
SÓCRATES: Mas aquele que não é
médico não é ignorante nas matérias em que o médico é entendido?
GÓRGIAS: Claro que é.
SÓCRATES: Então, quando o orador
é mais persuasivo do que o médico, é um ignorante a ser mais persuasivo do que
um entendido perante uma multidão de ignorantes. É realmente isto que sucede ou
é outra coisa?
GÓRGIAS: No caso presente é o que
sucede.
Platão, Górgias
OPOSIÇÃO DE PLATÃO AOS
SOFISTAS
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PLATÃO
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SOFISTAS
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Existem verdades objetivas e universais – rejeição do relativismo sofista.
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A filosofia procura a verdade.
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Relativismo sofista – os sofistas não admitem a existência de verdades objetivas
e universais.
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Não estavam interessados em chegar à verdade
mas em defender um “ponto de vista” ou ganhar uma discussão.
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CRÍTICA DE PLATÃO AOS SOFISTAS
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A retórica
sofista não procura a verdade e o bem.
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A
retórica sofista é uma forma de manipulação
e não de persuasão racional.
Os oradores influenciam
as opiniões e comportamentos do auditório à custa das suas limitações cognitivas e ignorância.
Os oradores instrumentalizam
o auditório fazendo deste um meio
para alcançar os seus interesses
A ignorância do auditório é condição
necessária para o orador ignorante - o orador não domina o assunto de que
fala e precisa que o auditório seja ignorante para ser mais persuasivo.
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OS DOIS USOS DA RETÓRICA
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MAU USO
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BOM USO
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A
retórica é usada como manipulação
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A argumentação recorre à manipulação, falácias
e apelo às emoções.
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O orador usa/ explora as limitações cognitivas
do auditório para obter a sua adesão
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Persuasão
racional
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O orador dirige-se às capacidades cognitivas e
críticas do auditório
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Apesar do caráter controverso de certos
assuntos, o orador procura alcançar e mostrar a verdade.
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Procura apresentar toda a informação relevante
ao auditório, não distorce nem omite factos
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