Para começar, é comum distinguir
dois tipos diferentes de validade. Para compreender isto, considere-se as
seguintes três inferências:
- Se o ladrão tivesse entrado pela janela da cozinha,
haveria pegadas lá fora; mas não há pegadas lá fora; logo, o ladrão não
entrou pela janela da cozinha.
- O João tem os dedos manchados de nicotina; logo, o
João é um fumador.
- O João compra dois pacotes de cigarros por dia;
logo, alguém deixou pegadas na parte de fora da janela da cozinha.
A primeira inferência é muito
clara. Se as premissas forem verdadeiras, também a conclusão terá de o ser. Ou,
para colocar as coisas de outra forma, as premissas não podem ser verdadeiras
sem que a conclusão também o seja. Os lógicos chamam às inferências deste tipo dedutivamente
válidas. A inferência número dois é algo diferente. A premissa fornece
claramente uma boa razão a favor da conclusão, mas não é completamente
conclusiva. Afinal de contas, o João podia simplesmente ter manchado as mãos
para fazer as pessoas achar que era fumador. Logo, a inferência não é
dedutivamente válida. Costuma-se dizer que as inferências deste tipo são indutivamente
válidas. Pelo contrário, a inferência número três parece ser bastante má
sob quaisquer padrões. A premissa parece não fornecer qualquer tipo de razão a
favor da conclusão. A inferência é inválida — tanto dedutivamente como
indutivamente. De facto, uma vez que as pessoas não são idiotas completas, se
alguém realmente oferecesse uma razão como esta, presumiríamos que havia uma
premissa extra que essa pessoa não se tinha dado ao trabalho de dizer (talvez
alguém entregue ao João os seus cigarros através da janela da cozinha).
A validade indutiva é uma noção
muito importante. Raciocinamos indutivamente a toda a hora; por exemplo, ao
tentar resolver problemas como a questão de saber por que motivo o carro
avariou, por que razão está uma pessoa doente, ou quem cometeu o crime. O
lógico ficcional Sherlock Holmes era um mestre nisso. Apesar disso,
historicamente, tem havido um maior esforço na tentativa de compreender a
validade dedutiva — talvez porque os lógicos tenham sido em geral filósofos ou
matemáticos (em cujos estudos as inferências dedutivamente válidas têm uma
importância central), e não médicos ou detetives.
Graham Priest, Lógica: Para começar
Dedução
|
Um argumento é dedutivamente válido quando é impossível que a conclusão seja falsa se as premissas forem verdadeiras |
Validade formal – resulta da forma lógica (argumentos válidos ou inválidos) |
|
Indução
|
Um argumento é indutivamente forte quando é improvável (mas não impossível) que a conclusão seja falsa se as premissas forem verdadeiras |
Validade informal - (inferências indutivamente válidas ou inválidas - argumentos fortes ou fracos) |
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