A arte e a religião
são dois caminhos pelos quais o homem escapa das circunstâncias para o êxtase.
Entre o arrebatamento estético e o arrebatamento religioso há um laço familiar.
Arte e religião são meios para estados de espírito semelhantes. E, se
estivermos autorizados a por de lado a ciência e a estética e, seguindo as
nossas emoções e o seu objeto, considerarmos o que está na mente do artista,
podemos dizer, com um certo à vontade, que a arte é uma manifestação do sentido
religioso. Se for a expressão de uma emoção, como sou levado a pensar, é a
expressão de uma emoção que é a força vital presente em todas as religiões; ou,
pelo menos, expressão de uma emoção sentida por aquilo que é a essência de tudo.
Podemos dizer que tanto a arte como a religião são manifestações do sentido
religioso do homem, se por “sentido religioso do homem” entendermos a sua noção
de realidade última. O que não podemos dizer é que a arte é a expressão de
qualquer religião particular; fazê-lo seria confundir o espírito religioso com
os canais através dos quais flui; seria confundir o vinho com a garrafa. A arte
pode ter muito a ver com aquela emoção universal que encontrou uma expressão
corrupta e vacilante em mil credos diferentes mas não tem nada a ver com factos
históricos ou enfeites metafísicos. Certamente que muitas pinturas descritivas
são manifestos e exibições dessa natureza. (…) Mas, se uma pintura é uma obra
de arte, tem tanto a ver com dogmas e doutrinas como tem a ver com os
interesses e emoções da vida quotidiana.
Clive Bell, Arte
Fantástica reflexão!! Vc tem a referência bibliográfica dessa citação de Clive Bell? Abraços.
ResponderEliminarmuito top muito top
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