Como
escrever um ensaio filosófico de Artur Polónio - aqui
O QUE SE FAZ NUM ENSAIO DE FILOSOFIA?
1. Um ensaio de filosofia consiste numa defesa
argumentada de uma afirmação.
Os ensaios dos estudantes devem oferecer um argumento.
Não podem consistir na mera exposição das suas opiniões, nem na mera
apresentação das opiniões dos filósofos discutidos. É preciso que o estudante
defenda as afirmações que faz e que ofereça razões para se pensar que são
verdadeiras.
Assim, o
estudante não pode simplesmente dizer:
A minha opinião é que P.
Deve antes
dizer algo como:
A minha opinião é que P. Penso isto porque...
ou:
Penso que as considerações seguintes... oferecem um
argumento convincente em defesa de P.
Da mesma forma,
o estudante não deve dizer simplesmente:
Descartes afirma que Q.
Ao invés, terá
de dizer algo como o seguinte:
Descartes afirma que Q; contudo, a seguinte
experiência mental mostrará que não é verdade que Q...
Ou:
Descartes afirma que Q. Julgo que esta afirmação é
plausível, pelas seguintes razões...
Um ensaio de filosofia pode ter vários objectivos.
Geralmente começamos por apresentar algumas teses ou argumentos para
consideração do leitor, passando de seguida a fazer uma ou duas das coisas
seguintes:
· Criticar o
argumento, ou demonstrar que certos argumentos em defesa da tese não são bons.
· Defender o
argumento ou tese contra uma crítica.
· Oferecer razões
para se acreditar na tese.
· Oferecer
contra-exemplos à tese.
· Contrapor os
pontos fortes e fracos de duas perspectivas opostas sobre a tese.
· Dar exemplos
que ajudem a explicar a tese, ou a torná-la mais plausível.
· Argumentar que
certos filósofos estão comprometidos com a tese por causa dos seus pontos de
vista, apesar de não a terem explicitamente afirmado ou endossado.
· Discutir que
consequências a tese teria, se fosse verdadeira.
· Rever a tese à
luz de uma objecção qualquer.
É necessário apresentar explicitamente as
razões que sustentam as nossas afirmações,independentemente de quais destes
objectivos tenhamos em mente. Os estudantes geralmente sentem que não há
necessidade de muita argumentação quando uma dada afirmação é para eles
evidente; mas é muito fácil sobrestimar a força da nossa própria posição.
Afinal de contas, já a aceitamos. O estudante deve presumir que o leitor ainda
não aceita sua posição e tratar o ensaio como uma tentativa de persuadir o
leitor. Por isso, não se deve começar um ensaio com pressupostos que quem não
aceita a nossa posição vai com certeza rejeitar. Se queremos ter alguma
hipótese de persuadir as pessoas, temos de partir de afirmações comuns, com as
quais todos concordam.
(James Pryor, Como se escreve um ensaio de Flosofia, in Crítica)
REGRAS - ESTRUTURAÇÃO DO ENSAIO
FILOSÓFICO
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INTRODUÇÃO
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1) Formulação do problema
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2) Objetivo do ensaio
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3) Importância do problema
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CORPO DO ENSAIO
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4) Identificação das teses
concorrentes
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5) Apresentação da tese que se quer
defender
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6)
Apresentação dos argumentos a favor da proposição que se defende
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7) Apesentação das principais objeções
ao que é defendido
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8) Resposta às objeções
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CONCLUSÃO
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9) Apresentação de conclusões
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Como escrever um ensaio filosófico - Artur Polónio
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