Será o relativismo inconsistente?
Os relativistas morais são por vezes acusados de inconsistência, uma vez que defendem que todos os juízos morais são relativos, ao mesmo tempo que querem que acreditemos que a própria teoria do relativismo moral é absolutamente verdadeira.
Isto só é um problema sério para um relativista moral que seja
também um relativista acerca da verdade, isto é, alguém que acha que a verdade
absoluta é coisa que não existe: só existem verdades relativas a sociedades
particulares. Este tipo de relativismo não pode defender nenhuma teoria como
absolutamente verdadeira.
No entanto, os
relativistas normativos estão certamente sujeitos à acusação de inconsistência.
Eles acreditam simultaneamente que todos os juízos morais são relativos à nossa
sociedade e que as sociedades não devem interferir umas com as outras. Mas esta
segunda crença é certamente um exemplo de um juízo moral absoluto, um juízo
completamente incompatível com a premissa básica do relativismo normativo. Esta
é uma crítica desvastadora para o relativismo normativo.
(...)
Não há crítica moral dos valores de uma sociedade
(...)
Não há crítica moral dos valores de uma sociedade
O relativismo moral
não parece dar a possibilidade de crítica moral aos valores centrais de uma
sociedade. Se os juízos morais se definem em termos dos valores centrais dessa
mesma sociedade, nenhum crítico destes valores centrais pode usar argumentos morais contra ela. Numa sociedade na
qual a perspetiva dominante seja a de que as mulheres não devem poder votar,
qualquer pessoa que sugerisse o direito de voto para as mulheres estaria a
sugerir algo imoral relativamente aos valores dessa sociedade.
Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia
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