Gaugin
Penso, na verdade,
que há alguma coisa correta no relativismo cultural e quero agora passar a
dizer o que é. Há duas lições que podemos aprender com a teoria, ainda que
acabemos por rejeitá-la.
Primeiro, o
relativismo cultural alerta-nos, de maneira correta, para os perigos de
pressupor que todas as nossas preferências estão fundadas numa espécie de
padrão racional absoluto. Não estão. Muitas das nossas práticas (mas não todas)
são particularidades exclusivas da nossa sociedade. (…) O relativismo cultural
começa com a preciosa observação de que muitas das nossas práticas são apenas
isto; produtos culturais.
(…) A segunda lição
relaciona-se com a necessidade de manter o espírito aberto. No processo de
crescimento, cada um de nós adquiriu algumas convicções fortes; (…) podemos,
ocasionalmente, ver essas convicções postas á prova. (…) O relativismo
cultural, ao sublinhar que as nossas perspectivas morais podem refletir
preconceitos da nossa sociedade, fornece um antídoto para este tipo de
dogmatismo.
(…) Perceber isto
pode levar-nos a uma maior abertura de espírito. Podemos compreender que os
nossos sentimentos não são necessariamente percepções da verdade – podem não
ser mais do que o resultado do condicionamento cultural. (…) Podemos ficar mais
abertos à descoberta da verdade, seja ela qual for.
J. Rachels, Elementos de Filosofia Moral
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