É verdade, julgo eu,
que não existe qualquer realidade moral comparável à do mundo físico. Contudo,
não se segue daqui que não possam existir verdades objectivas na ética. A ética
pode ter uma base objetiva de outra forma.
Uma investigação
pode ser objetiva de duas formas:
- Uma investigação
pode ser objetiva porque existe uma realidade independente que esta descreve
correta ou incorrectamente. A ciência é objetiva neste sentido.
- Uma investigação
pode ser objetiva porque existem métodos de raciocínio fiáveis que determinam a
verdade e a falsidade no seu domínio. A matemática é objetiva neste sentido. Os
resultados matemáticos são objectivos porque são demonstráveis com os tipos
relevantes de argumentos.
A ética é objetiva
no segundo sentido. Não descobrimos se uma opinião ética é verdadeira
comparando-a com uma espécie de “realidade moral”. […] Descobrimos antes que o
que é certo ou o que se deve fazer examinando as razões ou os argumentos que,
numa dada questão, podem ser avançados a favor de cada um dos lados – é certo
aquilo que está apoiado pelas melhores razões para agir. Basta que possamos
identificar e avaliar as razões a favor e contra os juízos éticos e que
cheguemos a conclusões racionais.
J. Rachels, Problemas da Filosofia
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