quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Crença Verdadeira Justificada


Dois Requisitos para o Conhecimento: Crença e Verdade

Devemos fazer notar duas ideias que fazem parte do conceito de conhecimento. Primeiro, se S sabe que p (que uma proposição é verdadeira), então tem de acreditar que p. Segundo, se S sabe que p, então p tem de ser verdadeira. O conhecimento requer tanto a crença quanto a verdade. Comecemos pela segunda ideia. As pessoas às vezes dizem que sabem coisas que mais tarde se revelam falsas. Mas isto não é saber coisas que são falsas, é pensar que se sabem coisas que, de facto, são falsas.


O conhecimento tem um lado subjectivo e um lado objectivo. Um facto é objectivo se a sua verdade não depende de como é a mente das pessoas. É um facto objectivo que a Serra da Estrela está 2 000 metros acima do nível do mar. Um facto é subjectivo se não é objectivo. O exemplo mais óbvio de um facto subjectivo é uma descrição do que acontece na mente de alguém.
Se uma pessoa acredita ou não que a Serra da Estrela está a 2 000 metros acima do nível do mar é uma questão subjectiva, mas se a montanha tem realmente essa propriedade é uma questão objectiva. O conhecimento requer tanto um elemento subjectivo como um elemento objectivo. Para que S conheça pp tem de ser verdadeira e o sujeito, S, tem de acreditar que pé verdadeira.

Terceiro Requisito: Justificação
Apontei duas condições necessárias para o conhecimento: o conhecimento requer crença e requer verdade. Mas será que isto é suficiente? Será que estas duas condições não são apenas separadamente necessárias, mas também conjuntamente suficientes? É a crença verdadeira suficiente para o conhecimento?
Pensemos num indivíduo, Clyde, que acredita na história do Dia do Porco do Campo. Clyde pensa que se o Porco do Campo vir a sua própria sombra, a Primavera virá mais tarde. Suponha-se que Clyde põe este princípio idiota em prática este ano. Ele tem informações que o fazem pensar que a Primavera virá mais tarde. Suponha-se que Clyde acaba por ter razão acerca deste facto. Se não existir nenhuma conexão lógica entre o facto de o porco do campo ter visto a sua própria sombra e o facto de a Primavera vir mais tarde, então Clayde terá uma crença verdadeira (a Primavera virá tarde), mas não terá conhecimento.
Que será então necessário, para além da crença verdadeira, para que alguém possua conhecimento? A sugestão mais natural é a de que o conhecimento requer dados de apoio, ou uma justificação racional. Note-se que ter uma justificação não é apenas pensar que se tem uma razão para acreditar em algo.
Que significa dizer que um indivíduo tem uma crença “justificada” na proposição p? Uma justificação pode ter a forma de um argumento dedutivo, de um argumento indutivo ou de um argumento abdutivo. Talvez existam outras opções além destas três. Mas, o que quer que seja que entendemos por “justificação”, parece plausível dizer que as crenças que são defendidas irracionalmente não são casos de conhecimento (mesmo que elas sejam verdadeiras).
5. A Teoria CVJ
Suponhamos que o conhecimento requer estas três condições. Será que isto é suficiente? Será que estas condições não são apenas separadamente necessárias, mas também conjuntamente suficientes? Chamarei CVJ à teoria que afirma que assim é. Esta teoria diz que ter conhecimento é a mesma coisa que ter crenças verdadeiras justificadas:
(CVJ) Para que qualquer indivíduo S e para qualquer proposição pS conhece p se e somente se
1.                   S acredita em p
2.                   p é verdadeira
3.                   a crença de em está justificada



A Teoria CVJ afirma uma generalização. Diz o que é o conhecimento para qualquer pessoa e para qualquer proposição p. Por exemplo, suponhamos que S és tu e que p = “A Lua é feita de queijo verde”. A teoria CVJ diz o seguinte: se sabes que a Lua é feita de queijo verde, então os enunciados 1, 2 e 3 devem ser verdadeiros. E se não sabes que a Lua é feita de queijo verde, então pelo menos um dos enunciados de 1 a 3 deve ser falso. Tal como na definição de solteiro discutida antes, a expressão “se, e somente se” diz-nos que são dadas condições necessárias e suficientes para o conceito definido.
(...)

          Elliott Sober – retirado do site      http://criticanarede.com/fil_conhecimento.html


O Conhecimento é uma crença verdadeira justificada

(três condições necessárias)
Não se pode conhecer algo sem acreditar no que se diz conhecer.
Temos de acreditar que a proposição é verdadeira
O que não é verdadeiro não pode ser objeto de conhecimento.
A proposição conhecida tem de ser verdadeira
A crença verdadeira não pode ser apenas uma opinião.
Tem de haver boas razões para acreditar na proposição



Selecione a alternativa correta:


 1.  A crença é…

(A)   Uma condição suficiente mas não necessária para o conhecimento
(B)   Uma condição necessária e suficiente para o conhecimento
(C)   Uma condição necessária mas não suficiente para o conhecimento
(D)   Uma condição suficiente para o conhecimento

2      2. O que torna uma crença verdadeira é…

(A)   a força da nossa convicção nessa crença
(B)   pensar que sabemos algo
(C)   corresponder corretamente um estado de coisas no mundo
(D)   exprimir o que pensamos ser verdadeiro

3        3. Analise as afirmações e indique a opção correta:

1.       O facto de alguém ter uma crença verdadeira não significa que tenha conhecimento
2.       A justificação é uma condição suficiente para o conhecimento
3.       Uma crença está justificada quando há boas razões a favor da sua verdade
4.       A crença verdadeira é condição suficiente para o conhecimento

(A)   1,2 e 3 são verdadeiras; 4 é falsa
(B)   1 e 3 são verdadeiras; 2 e 4 são falsas
(C)   1 e 2 são falsas; 3 e 4 são verdadeiras
(D)   2,3 e 4 são falsas; 2 é verdadeira

4    4. Um sujeito sabe que P a priori se …

(A)   sabe que P através da experiência
(B)   e só se sabe que P através da experiência
(C)   sabe que P independentemente da experiência
(D)   e só se sabe que P pelo pensamento apenas

5    5. Um argumento é a posteriori se…

(A)   e só se, todas as suas premissas não são apriori
(B)   e só se, pelo menos uma das suas premissas é aposteriori
(C)   e só se, todas as suas premissas são a posteriori
(D)   e só se, todas as suas proposições são a posteriori



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