Matisse
Na opinião
da maior parte dos filósofos de hoje, o compatibilismo tem as melhores
hipóteses de salvar o livre-arbítrio e de proteger a noção de responsabilidade
moral do ataque do determinismo. Contudo, o compatibilismo tem um problema
grave. O compatibilismo afirma que somos livres se as ações decorrem do nosso
caráter e dos nossos desejos não manipulados. O problema é que, em última
análise, o nosso carácter e os nossos desejos são causados por forças que não
controlamos. Este facto é suficiente para colocar em dúvida a nossa
«liberdade».
Peter van Inwagen exprime assim esta ideia:
Se o determinismo é verdadeiro, então as
nossas ações são consequências das leis da natureza e de acontecimentos que
ocorreram num passado remoto. Mas tanto as leis da natureza como aquilo que
aconteceu antes de termos nascido não depende de nós. Logo, as consequências
destas coisas (incluindo os atos que realizamos agora) não dependen de nós.
Os compatibilistas concordam que o carácter e
os desejos que temos agora não dependem de nós. Esta concessão parece
constituir uma derrota. Pelo menos, é suficiente para que as pessoas reflexivas
se sintam desconfortáveis, mesmo que a análise compatibilista nos permita
continuar a dizer que somos livres.
J.Rachels, Problemas da Filosofia
Perspetivas incompatibilistas
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ARGUMENTO DA
CONSEQUÊNCIA:
Se o determinismo é
verdadeiro, então os nossos atos são consequência das leis da natureza e de acontecimentos
situados no passado
O que aconteceu
antes de termos nascido não depende de nós
As leis da natureza
não dependem de nós
Logo, as
consequências destas coisas, as nossas ações não dependem de nós
SE O DETERMINISMO É VERDADEIRO, ENTÃO NUNCA PODEMOS AGIR DE
OUTRA FORMA
MAS, SE TEMOS LIVRE ARBÍTRIO, PODEMOS POR VEZES AGIR DE
OUTRA FORMA
LOGO, SE O DETERMINISMO É VERDDADEIRO, ENTÃO NÃO TEMOS LIVRE
ARBÍTRIO
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Perspetivas compatibilistas
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O Compatibilista
tem de mostrar que uma das premissas é falsa.
A primeira premissa
é falsa: mesmo que o determinismo seja verdadeiro é possível agir de outra
forma.
A ação livre não
deixa de ser causada, apenas não está sujeita a constrangimentos.
Segundo o
compatibilismo clássico, é possível agir de outra forma na medida em que o
agente poderia ter desejado agir de outra forma
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