(…) a verdade ou
falsidade de uma crença depende sempre de algo que está fora da própria crença.
Se eu acredito que Carlos I morreu no cadafalso, acredito em verdade, não por
causa de qualquer qualidade intrínseca da minha crença, que possa ser
descoberta examinando apenas a crença, mas por causa de um acontecimento
histórico que se deu há dois séculos e meio.
Se eu acredito que Carlos I morreu
na cama, acredito falsamente: nenhum grau de vivacidade da minha crença, ou
cuidado na formação da crença, impede que seja falsa, uma vez mais por causa do
que aconteceu há muito tempo, e não por causa de qualquer propriedade
intrínseca da minha crença. Logo, apesar de a verdade e a falsidade serem
propriedades das crenças, são propriedades que dependem das relações das
crenças com outras coisas, e não de qualquer qualidade interna das crenças.
Bertrand Russel, Os Problemas da Filosofia
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