segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Ética deontológica de Kant



 " Duas coisas enchem o meu coração de admiração: o céu estrelado por cima de mim e a lei moral em mim" (Kant, Crítica da Razão Prática) 

Kant: o valor moral de uma ação deriva da sua máxima, e não das suas consequências.

Cada ação pode ser descrita como uma ação de um certo tipo. Se ajudas alguém, podes conceber o que fazes como um ato de caridade. Neste caso, ages segundo a máxima de que deves ajudar os outros. Mas tens outras alternativas: quando forneces a ajuda talvez estejas a pensar que essa é uma maneira de fazer o beneficiário sentir-se em dívida para contigo. Neste caso, a máxima da tua ação pode ser a de que deves fazer que os outros se sintam em dívida para contigo. Para saberes que valor moral tem a tua ação, vê que máxima te levou a fazer o que fizeste.

Não é difícil perceber por que razão precisamos de considerar os motivos do agente e não as consequências da ação. Kant descreve o caso de um comerciante que nunca engana os seus clientes. A razão é que ele receia que, se os enganasse, os seus clientes deixariam de comprar na sua loja. Kant diz que o comerciante faz o que está certo, embora não pela razão certa. Ele age de acordo com a moralidade, mas não devido à moralidade. Para descobrir o valor moral de uma ação, temos de ver por que razão o agente a realiza, o que as consequências não revelam.

Se o comerciante age aplicando a máxima "Sê sempre honesto", a sua ação tem valor moral. Todavia, se a sua ação é o resultado da máxima "Não enganes as pessoas se é provável que isso te cause prejuízos financeiros", ela é meramente prudencial, e não moral. O valor moral depende dos motivos e os motivos são dados pela máxima que o agente aplica ao decidir o que fazer.

Kant rejeita o consequencialismo. Kant está correto ao dizer que conhecer os motivos das pessoas é importante para a avaliação de algumas propriedades morais da ação. Se queremos avaliar o carácter moral de um agente, conhecer os seus motivos é importante; as consequências da ação são um guia imperfeito. Afinal, uma pessoa boa pode causar prejuízos a outros sem intenção; e sem intenção, uma pessoa malevolente pode beneficiar outros. Todavia, é importante perceber que isto não implica que as consequências da ação são irrelevantes. Kant sustenta a seguinte tese: O que torna uma ação certa ou errada não é se as consequências são prejudiciais ou benéficas. 

                                                                                                               Elliott Sobe



PROBLEMA DA FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL:

– QUAL O CRITÉRIO QUE NOS PERMITE DIZER QUE UMA AÇÃO É MORALMENTE CORRETA, DE QUE DEPENDE O VALOR MORAL DE UMA AÇÃO?

Respostas:
TEORIAS CONSEQUENCIALISTAS - O critério de moralidade está nas suas consequências
TEORIAS DEONTOLÓGICAS - O valor moral de uma ação está no seu valor intrínseco

 TEORIA DEONTOLÓGICA DE KANT – ASPETOS FUNDAMENTAIS


Crença moral fundamental O BEM ÚLTIMO É A BOA VONTADE

-        A única coisa absolutamente boa
-        A única coisa intrinsecamente boa em si mesma (todas as outras qualidades são avaliadas em função     dos seus resultados)
-        A vontade que age por dever

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA MORALIDADE

Uma ação tem valor moral se for:
-         Realizada única e simplesmente por dever
-        Universalizável

                                                        O DEVER
-        O que temos obrigação de fazer
-        Não basta cumprir o dever
  •   distinção entre ações  contrárias ao dever (viola o dever) em conformidade com o dever (não é exclusivamente motivada pelo cumprimento do dever mas por interesses ou inclinações sensíveis) e ações por dever (o cumprimento do dever é um fim em si mesmo)

                                                      LEI MORAL

-        Lei presente na consciência de todos os seres racionais
     “Deves em qualquer circunstância cumprir o dever pelo dever”
-        Exige o cumprimento do dever sem qualquer outro motivo a não ser o respeito pelo dever)
-        Apresenta-se como obrigação incondicional ou categórica.


                                               IMPERATIVO CATEGÓRICO

-        Expressão da lei moral que se apresenta sob a forma de imperativo (Deves)
-        Obrigação absoluta e incondicional que exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela razão (independentemente de desejos e interesses/ inclinações particulares)
-        Ordena que uma ação seja realizada pelo seu valor intrínseco

   A FÓRMULA DA LEI UNIVERSAL -  “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal”

-        Uma ação é moralmente correta se a sua máxima (regra de ação que nos indica o motivo por que fazemos algo) puder ser universalizada, se se pode tornar um princípio universal de ação.

 A FÓRMULA DA HUMANIDADE –“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio”

-        Cada ser humano é um fim em si e nunca um simples meio (é moralmente errado instrumentalizar os outros usando-os como meros meios para atingir um objectivo)
-        Os seres humanos, enquanto seres racionais, têm valor intrínseco absoluto (dignidade)
-        Nenhum ser humano vale mais do que outro (pela condição de ser racional)

A fórmula não proíbe as pessoas de serem meios umas para as outras, desde que sejam tratadas com respeito  e não apenas como meios,  ou tratadas como instrumentos ou objectos.

                                                  IMPERATIVO HIPOTÉTICO
-        Regra concreta de acção cujo cumprimento depende de um interesse que se pretende alcançar

                                                   AUTONOMIA DA VONTADE
-        A vontade puramente racional que faz sua a lei moral
-        Ao agir por dever obedecemos à lei moral que é colocada pela nossa própria razão
-        O ser racional é legislador


Podes ver no site Sebenta de Filosofia - Síntese da Ética Deontológica de Kant


A ética deontológica de kant from AnaKlein1


O Miguel reparou que o professor se esqueceu do telemóvel na secretária. Pegou nele e…
a) Guardou-o e ficou com ele
b) Devolveu-o ao professor para mostrar que era honesto e para que este lhe ficasse grato
c) Devolveu-o ao professor porque o telemóvel era dele  

Que avaliação moral podemos fazer de cada uma destas hipóteses? 

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