Magritte
A doutrina
utilitarista é a de que a felicidade é desejável, e é a única coisa desejável,
como um fim; todas as outras coisas são desejáveis apenas enquanto meios para
esse fim. O que se deverá exigir à doutrina (…) para que a sua pretenção de ser
aceite seja bem sucedida?
A única prova que se
pode apresentar para mostrar que um objeto é visível é o facto de as pessoas efectivamente
o verem. A única prova de que um som é audível é o facto das pessoas o ouvirem,
e as coisas passam-se do mesmo modo com as outras fontes da nossa experiência.
Similarmente,
entendo que a única evidência que se pode produzir para mostrar que uma coisa é
desejável é o facto das pessoas efectivamente a desejarem. Se o fim que a
doutrina utilitarista propõe a si própria não fosse, na teoria e na prática,
reconhecido como um fim, nada poderia alguma vez convencer qualquer pessoa de
que o era. Não se pode apresentar qualquer razão para mostrar que a felicidade
geral é desejável, exceto a de que cada pessoa, na medida em que acredita que
esta é alcançável, deseja a sua própria felicidade. Isto, no entanto, sendo um facto,
dá-nos não só toda a prova que o caso admite, mas toda a prova que é possível
exigir, para mostrar que a felicidade é um bem: que a felicidade de cada pessoa
é um bem para essa pessoa e, logo, a felicidade geral um bem para o agregado de
todas as pessoas. A felicidade estabeleceu o seu título como um dos fins de
conduta e, consequentemente, como um dos critérios da moralidade.
Stuart Mill, Utilitarismo
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