Georges de la Tour
A conceção mínima
pode agora ser apresentada de forma breve: a moralidade é, pelo menos, o
esforço para orientar a nossa conduta pela razão – isto é, para fazer aquilo a
favor do qual existem melhores razões – dando simultaneamente a mesma
importância aos interesses de cada indivíduo que será afetado por aquilo que
fazemos.
Isto oferece, entre
outras coisas, uma imagem do que significa ser um agente moral consciente. O
agente moral consciencioso é alguém preocupado imparcialmente com os interesses
de quantos são afetados por aquilo que ele, ou ela, fazem; alguém que
cuidadosamente filtra os factos e examina as suas implicações; que aceita
princípios de conduta somente depois de os examinar, para ter a certeza de que
são sólidos; que está disposto a «dar ouvidos à razão» mesmo quando isso
significa ter de rever convicções prévias; alguém que, por fim, está disposto a
agir com base nos resultados da sua deliberação.
É claro que, como
seria de esperar, nem todas as teorias éticas aceitam este «mínimo». Como
teremos oportunidade de ver, este retrato do agente moral tem sido posto em causa
de várias maneiras. No entanto, as teorias que rejeitam a conceção mínima
debatem-se com sérias dificuldades. A maioria dos filósofos apercebeu-se disto,
e por isso a maior parte das teorias da moralidade incorpora, de uma forma ou
de outra, a conceção mínima. Não discordam sobre o mínimo mas sobre como
poderemos alargá-lo, ou talvez modificá-lo, de maneira a alcançar uma concepção
de moral inteiramente satisfatória.
J. Rachels, Elementos de FilosofiaMoral
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