Por um lado temos uma
velha estúpida sem préstimo, uma nulidade, maldosa e doente, inútil para toda a
gente, ou antes, que prejudica toda a gente, que nem sabe, ela própria por que vive
(…) Por outro lado, temos forças jovens, frescas, que se perdem inutilmente por
falta de apoio, há milhares de jovens desses por todo o lado! Já viste que se
podiam fazer cem, mil boas iniciativas com o dinheiro da velha (…).
Abrir
caminho a centenas, talvez milhares de existências; salvar dezenas de famílias
da miséria, da degradação, da morte, da depravação, dos hospitais para doenças
venéreas – e tudo isto só com o dinheiro dela. Matá-la e sacar-lhe o dinheiro,
para pôr esse dinheiro ao serviço de toda a humanidade e da causa comum: oque
dizes, milhares de ações justas não bastarão para expiar um crimezinho
minúsculo? Por uma vida – milhares de vidas salvas da podridão e da degradação.
Uma morte em troca de cem vidas (…)
Dostoiévski, Crime e Castigo
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