Edward Hopper
O Libertismo é a perspetiva de que pelo
menos algumas das nossas acções são livres porque, na verdade, não estão
causalmente determinadas. Segundo esta teoria, as escolhas humanas não estão
constrangidas da mesma forma que outros acontecimentos do mundo. Uma bola de
bilhar, quando é atingida por outra bola de bilhar, tem de se mover numa certa
direcção a uma certa velocidade. Não tem escolha. As leis causais determinam
rigorosamente o que irá acontecer. Contudo, uma decisão humana não é assim.
Neste preciso momento, o leitor pode decidir continuar a ler ou parar de ler.
Pode fazer qualquer uma destas coisas e nada o faz escolher uma delas. As leis
causais não têm poder sobre si. Isto não é muito plausível. Ainda assim, esta
forma de pensar foi defendida por diversos filósofos e propuseram-se vários
argumentos a seu favor.
O argumento da experiência.
Podemos começar com a ideia de que sabemos
que somos livres porque cada um de nós apercebe-se imediatamente de ser livre
cada vez que faz uma escolha consciente. Pense novamente no que está a fazer
neste momento: ler uma página que está diante de si. Pode continuar a ler ou
parar de ler. O que irá fazer? Pense na sensação que tem agora, enquanto
pondera estas opções. Não sente constrangimentos. Nada o impede de seguir numa
direção nem o força a fazê-lo. A decisão é sua. A experiência de liberdade,
poder-se-á dizer, é a melhor prova que podemos ter. (…).
O argumento da responsabilidade
O pressuposto de que temos livre-arbítrio
está profundamente enraizado nas nossas formas habituais de pensar. Ao reagir a
outras pessoas, não conseguimos deixar de as ver como autoras das suas acções.
Consideramo-las responsáveis, censurando-as caso se tenham comportado mal e
admirando-as caso se tenham comportado bem. Para que estas reacções estejam
justificadas, parece necessário que as pessoas tenham livre-arbítrio.
Outros sentimentos humanos importantes, como
o orgulho e a vergonha, também pressupõem o livre-arbítrio. Alguém que
conquista uma vitória ou tem um sucesso num exame pode sentir-se orgulhoso,
enquanto alguém que desiste ou faz batota pode sentir-se envergonhado. Porém,
se as nossas acções se devem sempre a factores que não controlamos, os sentimentos
de orgulho e de vergonha são infundados. Estes sentimentos são uma parte
inescapável da vida humana. Assim, uma vez mais, parece inescapável que nos
concebamos livres.
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