Edward Hopper
O homem não é mais
que o que se faz a si mesmo. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. (…)
O homem é no início um projeto que tem consciência de si mesmo e não um creme,
um pedaço de lixo ou uma couve-flor; nada existe anteriormente a este projeto;
nada há no céu; o homem é o que tiver projetado ser. (…) Mas se verdadeiramente
a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim,
o primeiro passo para o existencialismo é dar a cada homem a consciência do que
é e atribuir-lhe a responsabilidade completa pela sua existência.
Se a existência
precede realmente a essência, não é possível explicar as coisas tendo por
referência uma natureza humana fixa e dada. Por outras palavras, não há
determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não
existe, não encontramos valores ou mandamentos a que nos agarramos que
legitimem a nossa conduta. Assim, no domínio luminoso dos valores, não temos
qualquer desculpa por detrás de nós, nem qualquer justificação perante nós.
Estamos sós, sem desculpas.
É esta ideia que
tentarei traduzir quando digo que o homem está condenado a ser livre.
Condenado, porque não se criou a si próprio; no entanto, relativamente ao
resto, é livre: porque, uma vez lançado no mundo, é responsável por tudo aquilo
que fizer. O existencialista não acredita na paixão. Nunca concordará que uma paixão
arrebatadora é corrente devastadora que fatalmente conduz o homem a certos
atos, sendo, portanto, uma desculpa. Ele pensa que o homem é responsável pela
sua paixão.
Jean-Paul Sartre, O
Existencialismo é um Humanismo
Sem comentários:
Enviar um comentário