terça-feira, 16 de julho de 2013
sábado, 6 de julho de 2013
O Crítico como Artista
Van Gogh
ERNEST A mais alta
crítica é então mais criativa que a criação, e o fim principal do crítico é ver
o objeto em si como na realidade não é; parece-me ser esta a tua teoria.
Partie d’échecs
Vieira da Silva, Partie d'échecs
Para quem gosta de
se interrogar sobre a arte, a Partie d’échecs adquire valor
exemplar.
Primeiro o quadro fascina-nos,
no sentido em que o nosso olhar é irresistivelmente atraído pelo tabuleiro em
si, mesmo ao meio, real e exato. Mas mal mergulhamos nele que, do centro da sua
teia, a feiticeira nos retem num universo que lhe é próprio. A partir do
tabuleiro, com minuciosas construções, ou como temas que, em música,
prosseguissem incansavelmente a mesma toada, os quadrados escapam, devoram os
personagens entrevistos, cobrem infinitamente todo o horizonte.
sábado, 29 de junho de 2013
Podem as emoções funcionar cognitivamente na interpretação da obra de arte?
Degas, Waiting
Num lado colocamos a
sensação, perceção, inferência, conjetura, toda a inspeção e investigação fria,
facto e verdade; no outro prazer, dor, interesse, satisfação, desapontamento,
toda a resposta afetiva tonta, gostar e detestar. De uma forma muitíssimo
eficiente, isto impede-nos de ver que na nossa experiencia estética as emoções
funcionam cognitivamente.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Why I am not a painter
Mike Goldberg, Sardines
I am not a painter, I am a poet.
Why? I think I would rather be
a painter, but I am not. Well,
quarta-feira, 26 de junho de 2013
O Belo, A Moda e a Felicidade
Esta é na verdade
uma bela ocasião para estabelecer uma teoria racional e histórica do belo, em
oposição à teoria do belo único e absoluto; para mostrar que o belo é sempre,
inevitavelmente, de dupla composição, se bem que a impressão que produz seja
una; porque a dificuldade de discernir os elementos variáveis do belo na
unidade da impressão em nada infirma a necessidade da variedade na sua
composição.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Exame Nacional de Filosofia - 2013 (1ª Fase)
sexta-feira, 14 de junho de 2013
"A cadeira amarela" de Van Gogh
No chão de tijoleira
rústica,
rusticamente empalhada,
e amarela sobre
a tijoleira recozida
e gasta.
No assento da
cadeira, um pouco de tabaco num papel
ou num lenço (tabaco
ou não?) e um cachimbo,
Toda a arte é completamente inútil
O artista é o criador de coisas
belas.
O objetivo da arte é revelar a
arte e ocultar o artista.
O crítico é aquele
que sabe traduzir de outro modo para um novo material a sua impressão das
coisas belas.
domingo, 9 de junho de 2013
A Vida imita a Arte muito mais do que a Arte imita a Vida
Um interessante
excerto de um diálogo: O Declínio da Mentira, da obra Intenções: Quatro Ensaios
sobre Arte de Oscar Wilde, com tradução de António M. Feijó
CYRIL (…) Mas a fim
de evitar qualquer erro, quero que me digas, em poucas palavras, as doutrinas
desta nova estética.
VIVIAN Ei-las, então, em poucas palavras. A Arte não é expressão de nada a não ser de
si mesma. Tem uma vida independente, tal como o Pensamento a tem, e
desenvolve-se estritamente por caminhos próprios. Não é necessariamente
realista numa época de realismo, nem espiritual numa época de fé. Longe de ser
uma criação do seu tempo, está normalmente em oposição frontal a ele, e a única
história que preserva para nós é a história da sua própria evolução. Por vezes,
retrocede sobre si mesma (…). Noutras alturas, antecipa por completo a sua
época, e produz num dado século oras que exigirão um outro século para serem
percebidas, apreciadas e fruídas. (…)
sábado, 8 de junho de 2013
Será que há critérios ou princípios críticos universais?
A avaliação da arte
A questão da
avaliação da arte diz respeito aos critérios usados pela crítica para
classificar uma dada obra como boa ou má, magnífica ou vulgar, bonita ou feia,
etc. Será que há critérios ou princípios críticos universais? Como se adivinha,
aqueles que defendem que o valor da arte é instrumental, encontram aí o
fundamento para um critério geral de avaliação. Por exemplo, quem defende o
cognitivismo tem como critério geral de avaliação a maior ou menor capacidade
de uma dada obra de arte para nos proporcionar conhecimento. Esta é uma
perspetiva universalista.
O valor da arte
Centrando-nos apenas
no problema do valor da arte, é possível encontrar dois grupos de teorias: as
instrumentalistas e as não instrumentalistas. As instrumentalistas defendem que
a arte é valiosa por ser um meio para certos fins que consideramos importantes
e valiosos. (…) As não instrumentalistas defendem que a arte tem valor autónomo,
isto é, o seu valor intrínseco, dado ser independente de quaisquer fins.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
"50 Lições de Filosofia" e "Razões de Ser"
Coloquei os manuais “50 lições de Filosofia” e “Razões de Ser” em 1º e 2º
lugar, respetivamente, na escolha do manual a
adotar. Tive a oportunidade de os analisar comparativamente com outros (desta
vez os manuais chegaram às escolas com tempo para uma análise cuidada) e de os
utilizar/ experimentar em alguns temas com os alunos (em situação de lecionação
e de revisão de temas/ problemas para preparação de exame), o que funcionou
muito bem (sendo também esta a opinião dos alunos).
domingo, 2 de junho de 2013
Uma falácia que Popper não cometeu
Um interessante post para os alunos, no blog 50 Lições de Filosofia.
Depois um interessante e divertido diálogo sobre o falsificacionismo de Popper aquidomingo, 26 de maio de 2013
A arte como expressão
Viajante sobre um Mar de Névoa (1818), C.D. Friedrich
Sebenta de Filosofia ver aqui
A arte é uma atividade humana que consiste nisto: um homem comunica conscientemente a outros, por meio de certos sinais externos, os sentimentos de que teve experiência, e outras pessoas são contaminadas por estes sentimentos e também deles têm experiência.
Tolstoi, O que é a Arte?
sábado, 25 de maio de 2013
quarta-feira, 22 de maio de 2013
O problema da definição da "obra de arte"
Veemeer, A Leiteira (1688)
O que é a arte? Três teorias sobre um problema central da estética - Crítica
TEORIA DA ARTE COMO IMITAÇÃO
Esta é uma das mais antigas teorias da arte. Foi, aliás, durante muito tempo aceite pelos próprios artistas como inquestionável. A definição que constitui a sua tese central é a seguinte:
Uma obra é arte se, e só se, é produzida pelo homem e imita algo.
A característica própria desta teoria não reside no facto de defender que uma obra de arte tem de ser produzida pelo homem, o que é comum a outras teorias, mas na ideia de que para ser arte essa obra tem de imitar algo. Daí que seja conhecida como teoria da arte como imitação.
Vários foram os filósofos que se referiram à arte como imitação. Alguns desprezavam-na por isso mesmo, como acontecia com o conhecido filósofo grego Platão que, ao considerar que as obras de arte imitavam os objectos naturais, via essas obras como imagens imperfeitas dos seus originais. Ainda por cima quando, no seu ponto de vista, os próprios objectos naturais eram por sua vez cópias de outros seres mais perfeitos. Já o seu contemporâneo Aristóteles, mantendo embora a ideia de arte como imitação, tinha uma opinião mais favorável à arte, uma vez que os objectos que a arte imita não são, segundo ele, cópias de nada.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
O juízo estético em Kant
Naufrágio, Turner
"Esta tempestade no mar é sublime", não é uma opinião pessoal.
O primeiro
lugar-comum do gosto está contido na proposição com a qual cada pessoa sem
gosto pensa precaver-se contra a censura: cada urna tem o seu próprio gosto.
Isto equivale dizer que o princípio determinante deste juízo é simplesmente
subjectivo (deleite ou dor) e que o juízo não tem nenhum direito ao necessário
assentimento dos outros. O Segundo lugar-comum do gosto, que também é usado até
por aqueles que concedem ao juízo de gosto o direito de expressar-se
validamente por qualquer um, é: não se pode disputar sobre o gosto. O que
equivale dizer que o princípio determinante de um juízo de gosto na verdade
pode ser também objectivo, mas que ele não se deixa conduzir a conceitos
determinados; por conseguinte, nada pode ser decidido sobre o próprio juízo
através de provas, conquanto se possa perfeitamente e com direito discutir a
esse respeito.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
O Padrão do Gosto
O sentimento está sempre certo – porque o sentimento não tem
outro referente senão ele mesmo e é sempre real, quando alguém tem consciência
dele. Mas nem todas as determinações do entendimento são certas, porque têm
como referente algumas coisas para além delas mesmas, a saber, os factos reais
e nem sempre são conformes a esse padrão. Entre mil e uma opiniões que pessoas
diferentes podem ter a respeito do mesmo assunto, há uma e apenas uma que é
justa e verdadeira e a única dificuldade é encontrá-la e confirmá-la. Pelo
contrário, os mil e um sentimentos despertados pelo mesmo objecto são todos
certos, porque nenhum sentimento representa o que realmente está no objeto. Ele
limita-se a observar uma certa conformidade ou relação entre o objecto e os
órgãos ou faculdades do espírito e, se essa conformidade realmente não
existisse, o sentimento jamais poderia ter ocorrido. A beleza não é uma
qualidade das próprias coisas, existe apenas no espírito que a contempla e cada
espírito percebe uma beleza diferente. É possível até uma pessoa encontrar
deformidade onde uma outra vê apenas beleza e qualquer indivíduo deve concordar
com o seu próprio sentimento, sem ter a pretensão de regular o dos outros.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
A mistura de fatores objetivos e subjetivos na escolha das teorias
(…) Mas devemos ir além da lista de critérios partilhados
para as características dos indivíduos que fizeram a escolha. Quer dizer, há
que lidar com características que variam de um cientista para outro sem com
isso arriscar minimamente a sua aderência aos cânones que tornam científica a
ciência. Embora tais cânones existam e devam ser descobertos (sem dúvida, os
critérios de escolha com que comecei estão entre eles), não são por si
suficientes para determinar as decisões dos cientistas individuais. Para esse
propósito, os cânones partilhados devem estudar-se de maneiras que diferem de
um indivíduo para outro.
Características de uma boa teoria científica
Começarei por perguntar: quais são as características de
uma boa teoria científica? Entre muitas das respostas usuais, seleccionei
cinco, não porque sejam exaustivas, mas porque são individualmente importantes
e em conjunto suficientemente variadas para indicar o que está em jogo. Em
primeiro lugar, uma teoria deve ser exacta: quer dizer, no seu domínio, as
consequências deduzíveis de uma teoria devem estar em concordância demonstrada
com os resultados das experimentações e observações existentes. Em segundo
lugar, uma teoria deve ser consistente, não só internamente ou com ela própria,
mas também com outras teorias correntemente aceites e aplicáveis a aspectos
relacionados da natureza. Terceiro, deve ter um longo alcance: em particular,
as consequências de uma teoria devem estender-se muito para além das
observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava
projectada em princípio. Quarto, e relacionado de perto com o anterior, deve
ser simples, ordenando fenómenos que, sem ela, seriam individualmente isolados
e, em conjunto, seriam confusos. Quinto - uma rubrica um tanto ou quanto menos
padronizada, mas de especial importância para decisões científicas reais -, uma
teoria deve ser fecunda quanto a novas descobertas de investigação: deve
desvendar novos fenómenos ou relações anteriormente não verificadas entre
fenómenos já conhecidos.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
A incomensurabilidade dos paradigmas
À semelhança da
escolha entre instituições políticas rivais, a que se verifica entre paradigmas
rivais revela ser uma escolha entre modos de vida comunitária incompatíveis.
Devido a este caráter, a escolha não é, nem pode ser, determinada meramente
pelos procedimentos de avaliação característicos da ciência normal, pois estes
dependem, em parte, de um paradigma específico, e esse paradigma está em causa.
Quando os paradigmas são incluídos, como devem, num debate de escolha entre
paradigmas, o seu papel é necessariamente circular. Cada grupo utiliza o seu
próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio.
Kuhn, A Estrutura das Revoluções
Científicas
domingo, 12 de maio de 2013
O desenvolvimento descontinuísta da ciência
A ciência normal, a atividade em que, inevitavelmente, a maioria dos cientistas consome quase todo o seu tempo, constitui-se na suposição de que a comunidade científica sabe como é o mundo. Grande parte do êxito da pesquisa deve-se ao facto da comunidade se encontrar disposta a defender essa suposição, mesmo que seja necessário pagar um preço elevado. A ciência normal, por exemplo, suprime frequentemente inovações fundamentais, devido a permanecerem demasiado subversivas relativamente às suas crenças habituais.
Ciência e verdade
A esta altura, percebe-se
claramente a diferença entre verdade e corroboração. Apreciar um enunciado
dando-o como corroborado, é também uma apreciação lógica e, portanto,
intemporal; assevera que certa relação lógica está em vigor entre um sistema teorético
e um sistema qualquer de enunciados básicos aceites. Entretanto, nunca podemos
dizer que um enunciado, como tal, está por si mesmo “corroborado” (no sentido
em que podemos dizer que é verdadeiro). Só podemos dizer que está corroborado
com respeito a algum sistema de enunciados básicos – sistema aceite num
determinado tempo. A corroboração que uma teoria recebeu ontem não é idêntica à
corroboração que uma teoria recebeu hoje. (…)
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A evolução da ciência segundo Popper,
A racionalidade científica e a questão da objetividade,
O Conhecimento Científico,
Popper
segunda-feira, 6 de maio de 2013
A atitude estética - características
A atitude estética, ou a «forma
estética de contemplar o mundo», é geralmente contraposta à atitude prática, na
qual só interessa a utilidade do objecto em questão. O verdadeiro negociante de
terrenos que contempla uma paisagem só a pensar no possível valor monetário do
que vê não está a contemplar esteticamente a paisagem. Para a contemplar dessa
maneira teria de «a observar por observar», sem qualquer outra intenção — teria
de saborear a experiência de observar a própria paisagem, tomando atenção aos
seus detalhes, em vez de utilizar o objecto observado como um meio para atingir
um certo fim.
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A atitude estética,
A Dimensão Estética: Análise e Compreensão da Experiência Estética,
atitude estética,
estética,
experiência estética
terça-feira, 30 de abril de 2013
O problema da demarcação
As teorias científicas estão formuladas em termos precisos, e por isso conduzem a previsões definidas. As leis de Newton, por exemplo, dizem-nos exactamente onde certos planetas aparecerão em certos momentos. Popper chama a isto o "problema da demarcação" — qual é a diferença entre a ciência e outras formas de crença? A sua resposta é que a ciência, ao contrário da superstição, pelo menos é falsificável, mesmo que não possa ser provada. E isto significa que, se tais previsões fracassarem, poderemos ter a certeza de que a teoria que está por detrás delas é falsa. Pelo contrário, os sistemas de crenças como a astrologia são irremediavelmente vagos, de tal maneira que se torna impossível mostrar que estão claramente errados. A astrologia pode prever que os escorpiões irão prosperar nas suas relações pessoais à quinta-feira, mas, quando são confrontados com um escorpião cuja mulher o abandonou numa quinta-feira, é natural que os defensores da astrologia respondam que, considerando todas as coisas, o fim do casamento provavelmente acabou por ser melhor. Por causa disto, nada forçará alguma vez os astrólogos a admitir que a sua teoria está errada. A teoria apresenta-se em termos tão imprecisos que nenhumas observações actuais poderão falsificá-la.
Como procede o cientista para conhecer a realidade?
O salmão prateado nasce nas correntes frias do noroeste do Oceano Pacífico. O pequeno peixe nada até ao Pacífico Sul, onde poderá passar até cinco anos para atingir a maturidade física e sexual. Em seguida, em resposta a algum estímulo desconhecido, volta às correntes frias para desovar. Acompanhando o roteiro do peixe, descobre-se um facto curioso. Ele volta, quase sempre, precisamente ao seu local de origem. Eis aqui um facto-problema que pede explicação. Como é possível que o peixe identifique exactamente o lugar onde nasceu, depois de tantos anos e de percorrer tão longa distância?
Uma
das hipóteses sugeridas para explicar o retorno foi a de que o salmão descobre
o caminho de volta reconhecendo objectos que identificou durante a primeira
viagem. Se esta hipótese estivesse correcta, então, vendando os olhos do
salmão, ele não conseguiria voltar. Daí temos:
H1: o salmão
utiliza apenas os estímulos visuais para encontrar o seu caminho de volta.
Consequência preditiva: o salmão x, com os olhos vendados, não será capaz de voltar.
Suponha-se que o salmão x, com
os olhos vendados, encontre o seu caminho de volta. O resultado dessa
experiência falseia a hipótese. Por outro lado, suponha-se que o peixe com os
olhos vendados não encontre o caminho de volta. Este resultado seria capaz de
verificar, assegurar a verdade da hipótese do estímulo visual? Não. Apenas
podemos afirmar que o resultado experimental apoiou a hipótese.(...)
As
experiências realizadas para testar a predição da hipótese acima revelaram que
todos os salmões com os olhos vendados conseguiram voltar ao seu lugar de
origem, o que desconfirma a
hipótese.
sábado, 27 de abril de 2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Falsificacionismo: Conjetura e Refutação
Outra saída para o problema da indução, pelo menos tal como ele afeta o tema do método científico, é negar que a indução seja a base do método científico. O falsificacionismo, a filosofia da ciência desenvolvida por Karl Popper (1902-1994), entre outros, faz isso mesmo. Os falsificacionistas defendem que a perspetiva simples da ciência está errada. Os cientistas não começam por fazer observações, começam por uma teoria. As teorias científicas e as chamadas leis da natureza não pretendem à verdade: ao invés, são tentativas especulativas de oferecer uma análise de vários aspetos da natureza. São conjeturas: suposições bem informadas, concebidas para serem melhores do que as teorias anteriores.
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11º ano,
Ciencia e construção: a verificabilidade das hipóteses,
O Conhecimento Científico,
o falsificacionismo,
o problema da indução
Tentativas de solução ao problema da indução
"Não podemos ter a certeza que o sol irá nascer amanhã, mas podemos, com base na indução, achar que isso é altamente provável"
Parece funcionar
Uma resposta ao
problema da indução é fazer notar que a confiança na indução não é apenas
generalizada, mas também razoavelmente frutuosa; a maior parte das vezes é uma
forma bastante útil de descobrir irregularidades na natureza e de descobrir o
seu comportamento futuro.
domingo, 21 de abril de 2013
O problema da indução
Alguém
pode dizer: "De facto, não podemos deduzir validamente proposições sobre o
futuro de proposições sobre o passado; isso seria uma dedução e nós não a temos
neste caso. Mas os indícios aqui são indutivos: a indução dá-nos
probabilidades, não certezas, mas diz-nos que se as pedras sempre caíram há a
probalidade, não a certeza, de que cairão amanhã." Mas isto, claro, é o
que Hume põe em questão: a aceitabilidade dos argumentos indutivos. Dizer que
há evidência indutiva de que a indução continuará a ser fiável é assumir o que
está em questão:
Do senso comum à ciência
Uma característica
notável de muita da informação que adquirimos através da experiência comum é
que, embora ela possa ser suficientemente precisa dentro de certos limites,
raramente é acompanhada por qualquer explicação que nos diga por que se deram
certos factos alegados. Deste modo, as sociedades que descobriram os usos da
roda habitualmente nada sabiam sobre forças de fricção, nem sobre as razões que
fazem que os bens colocados em veículos com rodas possam ser transportados com
mais facilidade do que os bens arrastados pelo chão. Muitas pessoas aprenderam
que era aconselhável estrumar os seus campos agrícolas, mas poucas se
preocuparam com as razões para agir assim. As propriedades medicinais das
plantas como a dedaleira foram reconhecidas há séculos, embora habitualmente não
se tenha oferecido qualquer explicação das suas propriedades benéficas. Além
disso, quando o “senso comum” tenta dar explicações para os seus factos – como quando
se explica o valor da dedaleira como estimulante cardíaco através da semelhança
entre a forma da flor e o coração humano – muitas vezes não há testes da relevância
das explicações para os factos.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Teste intermédio de filosofia
Desobediência civil
Algumas pessoas argumentam que a
violação da lei nunca pode justificar-se: se não estamos satisfeitos com a lei
devemos tentar mudá-la através dos meios legais, como as campanhas, a redacção de
cartas, etc. Mas há muitos casos em que tais protestos legais são completamente
inúteis. Há uma tradição de violação da lei em tais circunstâncias conhecida
por desobediência civil. A ocasião
para a desobediência civil emerge quando as pessoas descobrem que lhes é pedido
que obedeçam a leis ou a políticas governamentais que consideram injustas.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
O papel de Deus no sistema cartesiano
Mas desde que reconheci que
existe um Deus, ao mesmo tempo compreendi também que tudo o resto depende dele
e que ele não é enganador, e daí concluí que tudo o que concebo clara e
distintamente é necessariamente verdadeiro, mesmo que não atente nas razões pelas
quais julguei que isso era verdadeiro, mas apenas me recorde de o ter visto
clara e distintamente.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Retórica e filosofia
Retórica como manipulação aqui
Sofistas e Platão aqui
Retórica e democracia aqui
Pode-se dizer que os sofistas
criaram a retórica como arte do discurso persuasivo, objeto de um ensino
sistemático e global que se fundava numa visão do mundo. (…) Deve-se a eles a
ideia de que a verdade nunca passa do acordo entre interlocutores, acordo final
que resulta da discussão, acordo inicial também, sem o qual a discussão não
seria possível. (…)
quarta-feira, 10 de abril de 2013
O problema da justiça
Consulta no blog - Sebenta de Filosofia - Os problemas da Filosofia Política
Justiça
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Retributiva – refere-se ao modo
apropriado com que o Estado pune e castiga quem comete infrações
|
Distributiva – refere-se ao modo adequado
como são distribuídos os bens e os encargos
|
O problema da Justiça:
Como
se deve fazer a distribuição? Qual deve ser o critério para cada um receber o
que lhe é devido?
|
Todos
devem receber o mesmo?
|
Devem
receber mais os que têm mais mérito?
|
|
Devem
receber segundo a maior utilidade geral?
|
O Problema da justificação do Estado
Consulta no blog Sebenta de Filosofia - Problemas da Filosofia Política
Problema da
justificação do Estado
O que legitima a autoridade do Estado?
Qual o fundamento da autoridade do Estado?
Temos sempre o dever de obedecer ao Estado? Haverá situações
em que é legítimo desobedecer?
Ver aqui
Teorias
Contratualistas
Teorias que explicam a origem e legitimidade do Estado
mediante um pacto segundo o qual os indivíduos admitem ser governados por um
poder e autoridade soberanos em troca da garantia da ordem e paz social.
Teorias de T. Hobbes e J. Locke
Ver aqui
quarta-feira, 27 de março de 2013
O problema da previsão das consequências
Os defensores da utilidade também
são frequentemente chamados a responder a objeções como esta – que antes da
ação, não há tempo para calcular e pesar os efeitos de qualquer linha de
conduta na felicidade geral. Isto é exactamente como se alguém dissesse que é
impossível guiqr a nossa conduta pelo cristianismo, já que sempre que tenho de
fazer alguma coisa, não há tempo para ler todo o Antigo e o Novo Testamento. A
resposta à objeção é que tem havido muito tempo, nomeadamente todo o passado da
espécie humana. Ao longo desse tempo, a humanidade tem vindo a descobrir as
tendências das ações através da experiência, dependendo dessa experiência toda
a prudência, bem como toda a moralidade da vida. As pessoas falam como se o
começo desse curso de experiência tivesse sido posto de parte até aqui, e como
se, no momento em que o homem se sente tentado a intrometer-se na propriedade
ou na vida do outro, tivesse de começar a considerar pela primeira vez se o
assassínio ou o roubo são prejudiciais para a felicidade humana. Penso que
mesmo nesse caso ele não consideraria a questão muito enigmática, mas, seja
como for, a questão hoje chegar-lhe-ia resolvida às mãos. É realmente estranho
que, se os seres humanos tivessem concordado quanto a considerar a utilidade como
o teste da moralidade, permaneceriam sem qualquer acordo sobre aquilo que é
útil e não tomariam quaisquer medidas para que as suas noções sobre o assunto
fossem ensinadas aos jovens e inculcadas pela lei e pela opinião.(…)
terça-feira, 26 de março de 2013
Teste Intermédio de Filosofia
A adesão ao teste intermédio de Filosofia não é consensual.
A oposição ao teste intermédio integra, entre outros, argumentos relativos à natureza dos exames e
às limitações didáticas e pedagógicas decorrentes da existência de avaliação
externa: os exames não são essenciais à aprendizagem e nem sempre constituem os
instrumentos mais adequados e/ ou fiáveis para avaliar as competências
adquiridas pelos alunos; o ensino da filosofia não pode limitar-se à
preparação/ treino dos alunos para a realização de um exame; podemos motivar os
alunos e desenvolver um bom trabalho sem a perspetiva de exame; o problema da
fiabilidade intercorretores pode por (põe) em causa os seus resultados; o teste
intermédio não é essencial para preparar os alunos para exame (sempre se
fizeram exames sem testes intermédios); os testes intermédios constituem um
limite ao exercício da autonomia científica e pedagógica dos professores/
grupos disciplinares nas escolas…
Ora, eu defendo
claramente a existência do teste intermédio na sequência da existência do
exame nacional (exame que deveria ser obrigatório). Integrado no processo de preparação
para exame parece-me importante, tanto do ponto de vista do aluno, como do
professor (há benefício para os alunos e para o professor experimentarem uma
prova externa que antecipa o exame).
Mas a questão que
me parece fundamental é que avaliação externa tem um papel importante,
regulador da qualidade de ensino; ela supõe que se estabeleçam conteúdos
programáticos, que se definam competências a desenvolver e a avaliar, para
todos os alunos, independentemente da escola que frequentam ou do professor que
lhes “calha”. O programa aberto aos percursos, perspetivas, opções e
preferências de cada um propiciou uma ampla liberdade para dar as aulas ao “critério
de cada um”. E este “ficar ao critério de cada um”, como sabemos, pode dar para
o melhor ou para o pior...
A filosofia enquanto
disciplina do ensino secundário precisa de se reabilitar, de ser reconhecida a
sua importância curricular (com um estatuto equiparado às outras disciplinas
consideradas estruturantes), enquanto disciplina que permite desenvolver a capacidade
de argumentar e pensar criticamente.
É claro que o
ensino da filosofia não se deve centrar/ esgotar na preparação dos alunos para o
exame, daí a importância da concordância entre a seleção de conteúdos relevantes e das competências a desenvolver e a
avaliar nas aulas e aquelas que são objeto dos exames.
. H.B.
quinta-feira, 21 de março de 2013
Conhecimentos de facto e a relação de causalidade
Todos os raciocínios relativos aos factos parecem fundar-se na relação de causa e efeito. Só mediante esta relação podemos ir além do testemunho da nossa memória e dos nossos sentidos. Se perguntássemos a um homem porque acredita ele em alguma questão de facto que está ausente, por exemplo, que o seu amigo está no campo ou na França, fornecer-nos-ia uma razão e esta razão seria algum outro facto, como uma carta dele recebida ou o conhecimento das suas antigas resoluções e promessas. Um homem que encontrasse um relógio ou qualquer outra máquina numa ilha deserta concluiria que noutros tempos estiveram homens nessa ilha. Todos os nossos raciocínios acerca de factos são da mesma natureza. E aqui supõe-se constantemente que existe uma conexão entre o facto presente e aquele que dele é inferido. Se nada houvesse a ligá-los, a inferência seria inteiramente precária. A audição de uma voz articulada e de discurso racional na escuridão certifica-nos da presença de alguma pessoa. Porquê? Porque são efeitos da maneira de ser e da estrutura humanas, e intimamente a elas adstritos. Se analisamos todos os outros raciocínios desta natureza, veremos que se baseiam na relação de causa e efeito, e que esta relação é próxima ou remota, directa ou colateral. O calor e a luz são efeitos colaterais do fogo, e um efeito pode ser adequadamente inferido a partir do outro.
David Hume, Investigação Sobre o Entendimento Humano
Não há nenhuma impressão sensível da qual derive a ideia de causa
Mas observamos:
- A SUCESSÃO TEMPORAL
- A CONJUNÇÃO CONSTANTE ENTRE DOIS FENÓMENOS E CHAMAMOS CAUSA AO QUE PRECEDE E EFEITO AO QUE SUCEDE
Ao observar que um acontecimento A tem até agora sido sempre seguido do acontecimento B, acreditamos que, da próxima vez que ocorrer A, sucederá B.
- A OBSERVAÇÃO DESTA CONSTANTE CONJUGAÇÃO, LEVA-NOS A FORMAR A IDEIA DE CAUSA.
- A IDEIA DE CAUSA NÃO DERIVA DA OBSERVAÇÃO DE UM FENÓMENO MAS DO COSTUME, DO HÁBITO DE ESPERAR QUE B ACONTEÇA MAL VEMOS A ACONTECER.
sexta-feira, 15 de março de 2013
Relações entre ideias e conhecimentos de facto
Todos os
objectos da razão ou investigação humanas podem naturalmente dividir-se em duas
classes, a saber, Relações de Ideias e Questões de Facto. Do primeiro tipo são
as ciências da Geometria, Álgebra e Aritmética e, em suma, toda a afirmação que
é intuitiva ou demonstrativamente certa. Que o quadrado da hipotenusa é igual à
soma dos quadrados dos dois lados é uma proposição que exprime uma relação
entre estas figuras. Que três vezes cinco é igual à metade de trinta expressa
uma relação entre estes números. Proposições deste tipo podem descobrir-se pela
simples operação do pensamento, sem dependência do que existe em alguma parte
no universo. Ainda que nunca tivesse havido um círculo ou um triângulo na
natureza, as verdades demonstradas por Euclides conservariam para sempre a sua
certeza e evidência.
As questões de
facto, que constituem os segundos objectos da razão humana, não são indagadas
da mesma maneira, nem a nossa evidência da sua verdade, por maior que seja, é
de natureza semelhante à precedente. O contrário de toda a questão de facto é
ainda possível, porque jamais pode implicar uma contradição, e é concebido pela
mente com a mesma facilidade e nitidez, como se fosse idêntico à realidade. Que
o Sol não se há-de levantar amanhã não é uma proposição menos inteligível e não
implica maior contradição do que a afirmação de que ele se levantará. Por
conseguinte, em vão tentaríamos demonstrar a sua falsidade.
David Hume, Investigação
Sobre o Entendimento Humano
TIPOS DE CONHECIMENTO
- As relações de ideias conhecimentos
apriori que resultam da análise dos elementos de uma proposição e do
estabelecimento de relações entre as ideias que ela contém.
A verdade das
proposições que exprimem relações de ideias constituem conhecimentos que não
dependem do confronto com a experiência
As relações de ideias
são verdades necessárias: não é logicamente possível a sua negação
- Os conhecimentos de
questões de facto são a posteriori e a verdade destas proposições tem de
ser testada pela experiência.
Impressões e ideias
Todos admitirão
prontamente que há uma diferença considerável entre as percepções da mente
quando uma pessoa sente a dor de um calor excessivo ou o prazer de uma tepidez
moderada, e quando mais tarde traz à memória essa sensação ou a antecipa pela
sua imaginação. Essas faculdades podem imitar ou copiar as perceções dos
sentidos, mas jamais podem atingir toda a força e vivacidade do sentimento
original. (…) Todas as cores da poesia, por mais esplêndidas que sejam, jamais
serão capazes de retractar os objetos naturais de modo tal que se tome a
descrição por uma paisagem real. O mais vivido pensamento será sempre inferior à
mais ténue das sensações.
Podemos aqui,
portanto, dividir todas as percepções da mente em duas classes ou espécies, que
se distinguem pelos seus diferentes graus de força e vivacidade. As que são
menos fortes e vividas são geralmente chamadas pensamentos ou ideias. A outra
espécie carece de nome na nossa língua, bem como na maioria das outras, e
suponho que isto acontece porque nunca foi necessário para qualquer finalidade,
com exceção das de caráter filosófico, designá-las por qualquer termo ou
denominação geral. Permitamo-nos portanto uma certa liberdade e chamemos-lhes
impressões, empregando esta palavra num sentido um pouco diferente do habitual.
Entendo pelo termo impressão, assim, todas as nossas impressões mais vividas,
sempre que ouvimos, ou vemos, ou sentimos, ou amamos, ou odiamos, ou desejamos
ou queremos. E as impressões são distintas das ideias, que são as percepções menos
vividas de que temos consciência, quando reflectimos sobre qualquer das
sensações ou movimentos acima mencionados.
A primeira vista,
nada pode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas
escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é
reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade. Inventar monstros e
juntar as mais incongruentes formas e aparências não custa à imaginação mais esforço
do que conceber os objetos mais naturais
e familiares. E enquanto o corpo está confinado a um só planeta, sobre o qual se arrasta com dor e dificuldade, o
pensamento pode-nos transportar num instante às mais distantes regiões do universo,
ou mesmo para além do universo, até ao caos ilimitado, onde se supõe que a
Natureza jaz em total confusão. Aquilo que nunca se viu, ou de que nunca se
ouviu falar, pode ainda ser concebido; e
nada há que fique fora do alcance do pensamento, exceto o que implicar absoluta
contradição.
Mas
embora o nosso pensamento pareça possuir essa liberdade ilimitada, vemos como
um exame mais atento nos mostrará que ele realmente está confinado a limites
muito estreitos, e que todo este poder criador da mente não é mais do que a
capacidade compor, transpor, aumentar e diminuir os materiais que nos são
fornecidos pelos sentidos e pela experiência. Quando pensamos numa montanha de
ouro, estamos apenas a juntar duas ideias consistentes, a de ouro e a de montanha,
as quais já conhecíamos anteriormente. Podemos conceber um cavalo virtuoso porque
a partir dos nossos próprios sentimentos, podemos conceber a virtude, e depois uni-la
à forma e à figura de um cavalo, animal que nos é familiar. Em suma, todos os
materiais do pensamento derivam de nossas sensações externas ou internas.
Apenas a mistura e composição deles compete à mente e à vontade. Ou, para me expressar
em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são
cópias de nossas impressões ou percepções mais vivas.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano
Conteúdos do Pensamento
•
Os conteúdos da mente são as impressões e as ideias.
•
As impressões
correspondem aos dados da experiência, referem-se às nossas sensações externas e
aos nossos sentimentos.
•
As ideias
são as representações ou imagens debilitadas, enfraquecidas, das impressões.
•
A diferença entre as impressões e as ideias é de
grau e não de natureza; as ideias são cópias das impressões sensíveis.
•
Para Hume não há ideias inatas
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