sábado, 29 de junho de 2013

Podem as emoções funcionar cognitivamente na interpretação da obra de arte?


Degas, Waiting


Num lado colocamos a sensação, perceção, inferência, conjetura, toda a inspeção e investigação fria, facto e verdade; no outro prazer, dor, interesse, satisfação, desapontamento, toda a resposta afetiva tonta, gostar e detestar. De uma forma muitíssimo eficiente, isto impede-nos de ver que na nossa experiencia estética as emoções funcionam cognitivamente.
A obra de arte é apreendida pelos sentimentos e também pelos sentidos. A insensibilidade emocional é neste caso incapacitante, se não tão completamente, quanto a cegueira ou a surdez. Nem os sentimentos são tão exclusivamente usados para explorar o conteúdo emocional de uma obra. Em certa medida, podemos distinguir qual é o aspeto de um quadro tão bem como podemos ver os sentimentos que ele desperta.  O ator ou bailarino – ou o espectador – recorda e regista por vezes o sentimento de um movimento e não o seu padrão, na medida em que os dois se podem realmente distinguir. A emoção na experiência estética é um meio para distinguir as propriedades que uma obra tem e exprime.


                                                                                             Nelson Goodman, Linguagens da Arte 

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