quinta-feira, 24 de maio de 2012

Jorge Varanda








Pequeno-almoço sobre cartolina

Primeira exposição póstuma de Jorge Varanda (Luanda, 1953 - Lisboa, 2008), artista com um percurso marginal que se dividiu entre a pintura, a ilustração, as artes gráficas, a produção de diaporamas, a intervenção em arquitetura e a realização de filmes e banda desenhada.

O título da mostra remete para uma folha de cartolina, onde o artista desenhou o contorno de alguns objetos e escreveu palavras como “local da bandeja”, “pão” e “controlo remoto”, que sugerem uma refeição matinal em frente a uma televisão.

É esse horizonte próximo da produção de uma série de cartolinas de formato regular (100x70cm) pintadas ao longo dos anos 80, que estarão expostas, e que constitui o mais relevante desenvolvimento na pintura de suporte bidimensional de Jorge Varanda.

O título Pequeno-almoço sobre cartolina refere-se a uma ideia de domesticidade necessária à compreensão do conjunto da obra deste autor. A estranheza do comportamento dos outros é um dos temas oferecidos pelas imagens e narrativas fabricadas a partir de um lugar de conforto que é a casa, cuja moldura é justamente a janela, objeto simbólico da separação entre interior e exterior. A adversidade da vivência da cidade acontece numa relação inversa à comodidade experimentada em casa. A casa abre-se à rua e para um mundo atravessado por pessoas anónimas, peões ou marionetas.


Para além das cartolinas, esta mesma atmosfera é transmitida por outras obras, sobretudo pelas madeiras recortadas e justapostas, pelas caixas que são interiores de pequenos teatros ou exteriores de prédios de grandes cidades, ou por biombos e outros dispositivos articulados.

O trabalho de Varanda reenvia para uma urbanidade fracassada e apodrecida da qual também participa e pela qual se encontra inequivocamente intoxicado. É a des-humanidade que lhe terá sido, afinal, servida a quente na bandeja do pequeno-almoço.
                                                                                     Centro de Arte Moderna

JOSEF ALBERS


Pintura sobre papel

Primeira exposição em Portugal de Josef Albers (1888-1976), artista norte-americano nascido na Alemanha, que marcou a arte e a teoria da arte do século XX com a célebre série Homenagens ao Quadrado (Homages to the Square), que pintou entre 1950 e 1976, e com a publicação, em 1963, do ensaio The Interaction of Color, um estudo inovador que se tornou uma referência para os estudiosos de arte. A sua reputação de professor deixou marcas na Bauhaus, em 1925, e no Black College Mountain, Carolina do Norte, a partir de 1933, e finalmente na Universidade de Yale, entre 1950 e 1958.

                                                                                                                                 No CAM

domingo, 20 de maio de 2012

Helena Almeida

Estudou Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, 1959, onde se interessou mais pela vida cultural do que pela vida académica. Em 1967 realiza a sua primeira exposição individual de pintura na galeria Buchholz, Lisboa. O desejo de fuga da tela transparece nos primeiros trabalhos de Helena Almeida, onde tenta romper com os limites da pintura e sair do suporte, transgredindo de forma literal os limites do espaço da obra de arte.
Expõe telas rasgadas à semelhança de Lucio Fontana (artista que marcou o início do seu percurso), telas com o verso voltado para a frente dando, assim, a ver o que tradicionalmente estava virado para a parede. A partir de 1975, Helena Almeida começa a explorar outras disciplinas como o desenho, a fotografia e o vídeo, encarando-os como meios para perceber a relação do corpo do autor com o espaço da obra. O corpo da artista torna-se o suporte da sua arte, passando a ser sujeito e objecto, não sob a forma de auto-retrato, o rosto aparece muitas vezes oculto, mas sim no sentido de “ habitar a pintura”, de se colocar dentro do seu trabalho, de ser a sua obra. Em 1977 na exposição Alternativa Zero (exposição marco na arte contemporânea portuguesa) apresenta uma série de fotografias com elementos anexos à imagem, criando, desta forma, a ilusão da obra sair do seu lugar e entrar no espaço do observador.
                                                        continua aqui

sábado, 19 de maio de 2012

Pintura abstrata



Kandinsky

A arte abstrata nasce praticamente com o século xx. Primeiro na pintura, depois na escultura, surgem formas que já não contêm a imagem do mundo exterior. O artista já não nomeia, exprime. Cabe ao espectador reagir e apreender a significação do que é expresso.
A primeira obra a lançar-se deliberadamente nesta via é uma aguarela de Kandinsky. A sua data, 1910, marca historicamente os primeiros passos da arte abstracta.

Mondrian

Se é certo que Kandinsky é o primeiro pintor em que a abstracção nasce de uma convicção profunda, também é verdade este fenómeno se verifica noutros autores dessa altura. Assim, anos mais tarde, em 1914, é Mondrian que, seguindo uma via completamente diferente, abandona a figuração.

Malevitch
Quase ao mesmo tempo, um terceiro pintor de grande envergadura, Malevitch, seguindo também outro caminho, chega igualmente à abstracção.

                                             Dora Vallier, A Arte Abstrata

Vamos ao CAM




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Criado em 1983, o CAM – Centro de Arte Moderna – da Fundação Calouste Gulbenkian está vocacionado para preservar, investigar e tornar acessível ao maior número possível de pessoas a colecção à sua guarda, constituída por obras de arte dos séculos XX e XXI.
A sua programação anual inclui a organização de exposições temporárias sobre obras de artistas portugueses e internacionais e a apresentação de uma exposição permanente realizada a partir de uma selecção das obras em acervo.
A colecção do CAM reúne actualmente cerca de 9.000 peças de artistas portugueses e internacionais, destacando-se a representação sobre arte portuguesa das primeiras décadas do século XX.
Dos anos 60 até à actualidade, a colecção possui um importante conjunto de obras de artistas portugueses, muitos dos quais trabalhados ao longo de uma programação regular de exposições monográficas.
As actividades do CAM integram-se na vasta programação cultural da Fundação Calouste Gulbenkian. As actividades educativas relacionadas com as exposições são actualmente programadas no contexto do Programa Gulbenkian Educação para a Cultura .




O enquadramento mental do cientista




“O nosso conhecimento e as nossas expectativas do que iremos provavelmente ver afetam o que vemos de facto. (…) O que normalmente vemos depende daquilo a que chamamos o “enquadramento mental”.    Nigel Warburton


Popper afirma o primado da teoria sobre a observação. A ciência é um processo no qual o cientista nunca começa do nada, parte sempre de informação, pressupostos e ideias. Toda a observação está impregnada de teoria no sentido em que esta condiciona e orienta o modo de ver, a seleção/valorização de uns aspetos em detrimento de outros. A observação supõe já uma interpretação, o que está de acordo com a perspectiva de que “o que vemos depende daquilo a que chamamos enquadramento mental”

Podemos considerar que o paradigma em vigor, que, segundo Khun, orienta a “ciência normal”, enquanto conjunto de conceitos fundamentais e procedimentos padronizados, aceites pela comunidade científica que orientam a prática científica numa determinada época, constitue um “enquadramento mental do cientista”.

Verdade Científica e Objetividade



A verdade científica não é a “verdade” ou descrição da realidade em si (tal como ela é). A verdade científica é uma construção racional rigorosa com base em métodos e instrumentos; é uma interpretação da realidade condicionada pela racionalidade humana, instrumentos e técnicas existentes num dado momento.
Uma das exigências dessa construção/conhecimento científico é a objectividade. A objectividade do conhecimento significa, à partida, a descrição da realidade independentemente das características do investigador. É claro, no entanto, que essa construção está sempre dependente dos instrumentos (criados pelo homem e que condicionam a captação da realidade) e da influência do investigador, por mais que se queira afastar.
A objectividade é inerente à verdade científica. Isto significa que num dado momento uma interpretação da realidade tem o consenso da comunidade dos cientistas (intersubjectividade) pelo facto de ser reconhecido o rigor metodológico que permite que qualquer investigador, repetindo as operações lógico-matemáticas experimentais, obtenha sempre os mesmos resultados.
                                                                                              

terça-feira, 8 de maio de 2012

Camus: O Absurdo e a Finitude

 

 

CAMUS: O ABSURDO E A FINITUDE


“ A Filosofia de Camus é uma Filosofia do Absurdo, e o absurdo, para ele, nasce da relação entre o homem e o mundo, entre as exigências racionais do homem e a irracionalidade do mundo”. Sartre

A vida humana pode não ter sentido, mas também ser absurda. O mundo é constituído por despropósitos onde não parece existir finalidade e valor.
Para Camus a vida é absurda, não tem sentido. A inutilidade do sofrimento e a inevitabilidade da morte confirma a sua posição.
A Peste é um romance fascinante que nos leva a reflectir sobre a finitude do homem e a morte eminente. Aqui o homem está perante uma situação limite.
Em O Estrangeiro, é tratado o absurdo da existência. O homem sente-se um estrangeiro entre os homens, um exilado do mundo para o qual não encontra um sentido. A personagem vive o absurdo, opta pelo fracasso ou pela desistência da vida.
Em O Estrangeiro Camus o absurdo centra-se no indivíduo, em A Peste o absurdo é colectivo. Nos dois casos a gratuidade da vida, da morte, dos acontecimentos e a irracionalidade do mundo.

Heidegger define o homem como um “ser-para-a-morte”; a morte não é apenas um fim inevitável, pertence à estrutura íntima do homem.
Para os existencialistas, a morte é exterioridade, é a negação do homem e, por isso absurda.

Trata-se de um romance que coloca o homem frente à situação-limite que mais o assusta: a morte, não como resultado do ciclo da existência, o que é natural, mas trágica, dolorosa, com sofrimento. E mais: gratuita, um capricho cruel que surge repentinamente, impondo um fim gradual e pavoroso. Dada sua omnipresença e força simbólica, a morte é uma personagem nesse livro da separação e da esperança.
Para Camus a vida é absurda.


Através do Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo, Camus procura mostrar como o esforço humano é inútil, como a existência tem uma natureza absurda.
O mito de Sísifo é um mito grego onde Sísifo, rei de Corinto, por ter desafiado os Deuses, contando os seus segredos aos mortais, foi condenado a empurrar uma pedra enorme, sem descanso, até ao cume de uma montanha. Mas, assim que chegava ao topo, a pedra resvalava e era preciso começar de novo, eternamente. Esta imagem traduz a existência humana, onde as tarefas se iniciam num ciclo sem fim.
O Absurdo significa o sem sentido do que não está de acordo com as leis da lógica.
Jean Paul Sartre escreveu no Prefácio de “O Mito de Sísifo” “ A Filosofia de Camus é uma Filosofia do Absurdo, e o absurdo, para ele, nasce da relação entre o homem e o mundo, entre as exigências racionais do homem e a irracionalidade do mundo”.
Efectivamente, o sentimento de absurdo nasce do confronto inconsequente e doloroso entre o homem e o mundo. O homem procura a inteligibilidade do mundo e da vida mas a realidade apresenta-se irracional.
Mas é a estranheza que se revela na existência; os outros e nós mesmos revelam-se estranhos. Queremos promover valores mas a existência afirma-se nua e crua com um sofrimento inadmissível.
Mas o que fazer, face ao absurdo?
Não podemos fugir à condição humana. A resposta deve ser a revolta. A recusa em cooperar com a injustiça, com a desonestidade







                                                                                                              João MB, 11º ano

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O problema do sentido da vida

 



O sentido da vida é uma questão existencial, filosófica por excelência. Ainda que não seja uma questão central na filosofia, ela não deixa de estar na sua base, de forma mais ou menos implícita. A questão do sentido da vida não é alheia à necessidade de compreender a realidade, de construir sentidos; ela está presente nas questões éticas.
A questão do sentido da vida é existencial mas também metafísica. Ela coloca-se na consciência que o homem tem da sua existência, da inquietação perante a sua finitude, o absurdo da morte.
É um tema que nos fascina porque nos leva a problematizar a nossa existência, confronta-nos com a estranheza e com o absurdo da vida, abrindo-nos, simultaneamente, perspectivas de esperança e de construção de sentidos.
Importa formular o problema existencial: o sentido da vida e clarificar as questões relativas à condição humana, a finitude e a temporalidade.
Algumas perspectivas de interesse: o existencialismo e o absurdo; o transcendente e a perspectiva ética.



Em que consiste o problema do sentido da vida?
E em que perspectivas se pode colocar esta questão? De um ponto de vista subjectivo ou objectivo? Coloca-se esta questão no sentido daquele que vive a sua vida e se sente ou não feliz?
O problema do sentido da vida consiste em perguntar se a vida tem uma finalidade última, se tem valor e significado. A pergunta sobre o sentido liga-se à questão do valor. Qual o valor da nossa vida? Vale a pena viver? Ou será que tudo é inútil e desprovido de interesse?
Esta questão emerge da inquietação da existência humana. Da consciência da sua temporalidade e finitude. A inevitabilidade da morte é central nesta questão. Radica aqui o tema do absurdo.
O problema é a vida acabar com a morte? Se não houvesse a morte, a vida passaria a ter sentido? A existência de deus e a promessa de vida eterna resolveria a questão?

Perguntar pelo sentido da vida é interrogar sobre o valor da finalidade última da vida como um todo, independentemente das circunstâncias e interesses particulares.
No mito de Sísifo há uma finalidade, colocar a pedra no cimo da montanha. A falta de sentido não está na ausência de finalidade mas do facto de nunca atingir essa finalidade? Mas a questão não estará aqui mas no facto da finalidade não ter valor.




                                                                                        João MB, 11º ano


sexta-feira, 4 de maio de 2012

A experiência da contemplação de uma imagem


 Monet

Macke

Van Gogh
Magritte





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terça-feira, 1 de maio de 2012

Experiência da contemplação de uma imagem




Pietá de Paula Rego



Pietá de Michelangelo


Pietá de El Greco


Pietá de Rubens



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