sábado, 8 de junho de 2013

O valor da arte




 O valor da Arte

Centrando-nos apenas no problema do valor da arte, é possível encontrar dois grupos de teorias: as instrumentalistas e as não instrumentalistas. As instrumentalistas defendem que a arte é valiosa por ser um meio para certos fins que consideramos importantes e valiosos. (…) As não instrumentalistas defendem que a arte tem valor autónomo, isto é, o seu valor intrínseco, dado ser independente de quaisquer fins.

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Valor intrínseco

A ideia de que a arte tem valor intrínseco é habitualmente associada ao elogio da arte pela arte e ao culto da beleza, típicos de alguns críticos e artistas românticos do séc XIX. “Esteticismo” foi o nome pelo que ficou conhecida esta perspetiva. O esteticismo inspirou-se na estética Kantiana, em particular na ideia de que a apreciação da arte não tem qualquer outro propósito a não ser a mera contemplação das formas. A arte não visa, como sustentava Kant, satisfazer quaisquer necessidades práticas ou teóricas. Esta é também uma perspetiva formalista, pois valoriza exclusivamente as propriedades formais das obras de arte, tendo sido posteriormente desenvolvida e refinada por Eduard Hanslick (1854), a propósito da música, e por Clive Bell (1914), aplicada à pintura.
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Valor instrumental

O hedonismo é provavelmente a resposta mais popular para justificar o valor da arte. De acordo com o hedonismo, a arte é valiosa por proporcionar prazer às pessoas que a apreciam. Trata-se, portanto, de uma perspetiva instrumental. Mas, apesar de ser inegável que muita arte proporciona prazer e que esse prazer pode mesmo aumentar o valor de certas obras, o hedonismo não é aceite pela generalidade dos filósofos da arte. Não só porque muita arte não procura sequer agradar, como pode exigir esforço e estudo aprofundado para ser correctamente apreciada.(…)
O moralismo (ou eticismo) tem sido outra das justificações instrumentais do valor da arte. Uma forma extrema de moralismo foi defendida por Tolstoi, que chegou a incluir os seus mais aclamados romances entre as obras de arte falhadas, precisamente por serem moralmente fúteis.(…)
Outra das teorias instrumentalistas é o instrumentalismo estético. Esta perspetiva, associada a Beardsley, está próxima do formalismo, mas distingue-se dele precisamente pelo seu caráter instrumental. Beardley considera que a arte tem valor na medida em que produz em nós experiências compensadoras: as experiências estéticas. (…)
A perspetiva mais defendida nas últimas décadas é o cognitivismo, havendo mesmo uma apreciável variedade de teorias cognitivistas.(…) A tese geral é que a arte é valiosa porque proporciona conhecimento.

   Aires Almeida, Estética e Filosofia da Arte, in Filosofia: uma Introdução por Disciplinas

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