Um interessante
excerto de um diálogo: O Declínio da Mentira, da obra Intenções: Quatro Ensaios
sobre Arte de Oscar Wilde, com tradução de António M. Feijó
CYRIL (…) Mas a fim
de evitar qualquer erro, quero que me digas, em poucas palavras, as doutrinas
desta nova estética.
VIVIAN Ei-las, então, em poucas palavras. A Arte não é expressão de nada a não ser de
si mesma. Tem uma vida independente, tal como o Pensamento a tem, e
desenvolve-se estritamente por caminhos próprios. Não é necessariamente
realista numa época de realismo, nem espiritual numa época de fé. Longe de ser
uma criação do seu tempo, está normalmente em oposição frontal a ele, e a única
história que preserva para nós é a história da sua própria evolução. Por vezes,
retrocede sobre si mesma (…). Noutras alturas, antecipa por completo a sua
época, e produz num dado século oras que exigirão um outro século para serem
percebidas, apreciadas e fruídas. (…)