Degas, Waiting
Num lado colocamos a
sensação, perceção, inferência, conjetura, toda a inspeção e investigação fria,
facto e verdade; no outro prazer, dor, interesse, satisfação, desapontamento,
toda a resposta afetiva tonta, gostar e detestar. De uma forma muitíssimo
eficiente, isto impede-nos de ver que na nossa experiencia estética as emoções
funcionam cognitivamente.
A obra de arte é apreendida pelos sentimentos e
também pelos sentidos. A insensibilidade emocional é neste caso incapacitante,
se não tão completamente, quanto a cegueira ou a surdez. Nem os sentimentos são
tão exclusivamente usados para explorar o conteúdo emocional de uma obra. Em
certa medida, podemos distinguir qual é o aspeto de um quadro tão bem como
podemos ver os sentimentos que ele desperta. O ator ou bailarino – ou o espectador – recorda
e regista por vezes o sentimento de um movimento e não o seu padrão, na medida
em que os dois se podem realmente distinguir. A emoção na experiência estética
é um meio para distinguir as propriedades que uma obra tem e exprime.
Nelson Goodman, Linguagens da Arte
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