sábado, 19 de fevereiro de 2011

Conflito de deveres



Paul Klee

“Durante a Segunda Guerra Mundial, os pescadores holandeses transportavam, secretamente nos seus barcos, refugiados judeus para Inglaterra e os barcos de pesca com refugiados a bordo eram por vezes interceptados por barcos patrulha nazis. O capitão nazi perguntava então ao capitão holandês qual o seu destino, quem estava a bordo, e assim por diante. Os pescadores mentiam e obtinham permissão de passagem. Ora, é claro que os pescadores tinham apenas duas alternativas, mentir ou permitir que os seus passageiros (e eles mesmos) fossem apanhados e executados. Não havia terceira alternativa.”
                                                                         (Filosofia, 10º ano, Plátano Editora)

O que fazer? A teoria de Kant dá resposta a esta situação?

4 comentários:

  1. Segundo Kant, o princípio fundamental da moralidade é o sentido do dever. O dever é um princípio estipulado por uma razão desinteressada, imparcial. Kant diz que devemos agir de forma puramente racional, autónoma/imparcial e que só há uma única coisa intrinsecamente boa, a boa vontade. Esta teoria rege-se pelo imperativo categórico. Este diz que todas as regras devem ser obedecidas por todos, que as normas têm valor universal.
    As normas morais propriamente ditas apresentam-se como obrigações ou deveres incondicionais e absolutos. Devem ser respeitadas em todas as circunstâncias, não porque cumpri-las promove este ou aquele bem (como a felicidade), mas porque são boas em si mesmas.
    Em virtude das nossas boas acções, nem a felicidade pessoal nem a felicidade do maior numero são o motivo fundamental do agir. Kant não admite que o cumprimento do dever dependa dos nossos desejos e anseios. A boa vontade é unicamente motivada pelo sentido do dever e torna-se boa pelo que faz e não pelos resultados do que faz.
    Logo a teoria ética de Kant revela-se incoerente pois não saberia responder perante o conflito visto que ambas são moralmente inaceitáveis.

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  2. tendo apenas a hipotese de ir contra o seu código moral (morrer, pois a vida é um valor supremo comum) ou mentir (que obviamente não é por boa vontade, pois estão restringidos pelo codigo moral referido anteriormente).
    A teoria de Kant não consegue responder a este dilema.

    César Fontinha

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  3. Como anteriormente referido não seria possível escolher uma hipótese visto que são ambas imorais.
    Segundo Kant apenas a boa vontade (um querer autónomo, livre e respeitador da lei moral, a lei da razão) é completamente bom, ou seja, segundo a teoria deontológica o que está em causa é a intenção e não as consequências (ao contrário da teoria utilitarista de Stuart Mill), devemos agir por dever e não consoante o dever.
    Assim, de acordo com esta teoria, seria moralmente incorrecta estas hipóteses pois iriam contra a lei moral.

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  4. Segundo a teoria deontológica não existem acções absolutamente boas nem absolutamente más, apenas boa vontade. Ao agir por boa vontade estaremos a agir segundo o dever, tendo com principio a lei moral, que e a lei da razão. Esta teoria afirma que devemos agir segundo as normas impostas pela nossa sociedade, e agindo sempre por um meio e não por um fim, assim, de acordo com esta teoria, apenas explica o que e uma boa e má acção e não o que se deve fazer numa situação de escolha, neste sentido a escolha dos marinheiros seria moralmente incorrecta pois iriam contra a lei moral, o que esta em causa e a intenção e não as consequências da sua acção sendo neste caso a intenção de salvar os judeus a bordo e a eles próprios. A teoria de Kant não dá uma resposta significativamente boa a esta situação
    Ruben Guerreiro nº25

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