domingo, 6 de fevereiro de 2011

Acções por dever e acções conformes ao dever

Van Gogh

“É na verdade conforme ao dever que o merceeiro não suba os preços ao comprador inexperiente (...) Mantém um preço fixo geral para toda a gente, de forma que uma criança pode comprar na sua mercearia tão bem como qualquer outra pessoa. É-se, pois, servido honradamente; mas isso ainda não é bastante para acreditar que o comerciante tenha assim procedido por dever e princípios de honradez; o seu interesse assim o exigia. A acção não foi, portanto, praticada (...) por dever, mas somente com intenção egoísta. (...)
Pelo contrário, conservar cada qual a sua vida é um dever, e é além disso uma coisa para que toda a gente tem inclinação imediata. Mas por isso mesmo é que o cuidado que a maioria dos Homens lhe dedica não tem nenhum valor intrínseco e a máxima que o exprime nenhum conteúdo moral. Os Homens conservam, habitualmente, a sua vida, conforme ao dever, sem dúvida, mas não por dever. Em contraposição, quando as contrariedades e o desgosto sem esperança roubaram totalmente o gosto de viver; quando o infeliz (…) deseja a morte e contudo conserva a vida sem a amar, não por inclinação ou medo, mas por dever, então a sua máxima tem conteúdo moral.”                                                                   
                                                                     Kant, Fundamentação da metafísica dos Costumes

A acção boa será a que respeita as normas? Qual a distinção entre legalidade e moralidade?
O que são acções em conformidade com o dever e acções por dever?

1 comentário:

  1. Segundo Kant a boa vontade e a única coisa que pode ser considerada como boa em si mesma, isto porque a boa vontade, enquanto principio que oriente as acções humanas, não vai buscar o seu valor aos objectivos ou impulsos que nos levam a agir deste ou daquele modo e menos ainda nos proveitos particulares que podem resultar das acções praticadas, como neste caso o comerciante, contudo ninguém reconhecerá valor moral num acto de caridade praticado com o intuito de dele obter benefícios pessoais, mesmo que indirectamente. Por isso, o valor de uma boa vontade consiste, na pura intenção de praticar o bem, e isto independentemente de qualquer interesse subjectivo que possamos ter pelo resultado da acção praticada.
    A moral está relacionada com a cultura e é intrínseca de cada sociedade, ou seja, cada uma tem os seus próprios referentes de moral. Por outo lado a moralidade está relacionada ao cumprimento destas regras morai, Já a legalidade relaciona ao que é definido em lei que muitas vezes coincide com o que é moral. Assim verificamos que a legalidade são as leis externas impostas na sociedade e a moralidade e o que nos apartir da nossa reflexao interior decidimos fazer seja certo ou errado.
    Quando estamos a agir por boa vontade estaremos a agir segundo o dever, tendo como principio a lei moral, que e a lei da razao. A teoria de Kant afirma que devemos agir segundo as normas impostas pela nossa sociedade, e agindp sempre por um meio e não por um fim sendo esta teoria racional, formal e universal, se por sua vez agissemos conforme o dever seria um meio para obter outros fins não sendo moralmente correcto para Kant.
    Ruben Guerreiro nº25

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