sábado, 10 de março de 2018

Os princípios empiristas de Hume


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Hume utiliza o termo ‘perceção’ para referir quaisquer conteúdos da mente (…). As perceções ocorrem quando o indivíduo observa, sente, recorda, sente, recorda, imagina, e assim por diante, sendo que o uso atual da palavra cobre um leque muito menos vasto de atividades mentais. Para Hume, existem dois tipos básicos de perceções: impressões e ideias.


As impressões constituem as experiências obtidas quando o indivíduo observa, sente, ama, odeia, deseja ou tem vontade de algo. Hume descreve este tipo de perceções como sendo mais ‘vívido’ do que as ideias, termo com que o filósofo parece querer afirmar que as impressões são mais claras e mais pormenorizadas do que as ideias. As ideias, por sua vez, são cópias das impressões. Trata-se dos objetos do pensamento humano quando os indivíduos recordam a sua experiência ou exercitam a sua imaginação. [Como se verá, no primeiro caso são ideias simples e no segundo são ideias complexas.]

Assim sendo, neste preciso momento, por exemplo, tenho uma impressão da minha caneta a movimentar-se pela página e de ouvir alguém a virar as páginas de um livro, atrás de mim, na biblioteca. Tenho, ainda, uma impressão da textura do papel a tocar na minha mão. Estas experiências sensoriais são vívidas (…). Mais tarde, enquanto estiver a escrever estas linhas no meu computador, lembrar-me-ei, sem dúvida, deste momento e recordarei as minhas impressões. Nessa altura, estarei a ter ideias e não impressões, ideias que não serão marcadas pela mesma vividez (ou vivacidade) que caracteriza as impressões que estou a sentir neste momento e das quais as ideias serão cópias.

(…) Segundo Hume, não existem ideias inatas, todas as ideias humanas são cópias de impressões. Por outras palavras, é impossível aos seres humanos ter uma ideia de algo que não tenham primeiro experimentado enquanto impressão.

Como lidaria, então, Hume com a capacidade de um indivíduo imaginar uma montanha dourada [ou uma sereia] embora nunca tenha visto uma e, logo, nunca tenha tido a impressão de uma? A resposta baseia-se numa distinção entre ideias simples e ideias complexas. As ideias simples derivam [diretamente] das impressões. (…)  As ideias complexas são combinações de ideias simples. Deste modo, a ideia de uma montanha dourada nada mais é do que uma ideia complexa composta pelas ideias mais simples de ‘montanha’ e de ‘dourado’. E estas ideias simples derivam, em última análise, da experiência tida pelo indivíduo de montanhas e de objetos dourados.”

                                                         Nigel Warburton, Grandes livros de filosofia




  


Conteúdos da mente
Perceções
Impressões

Dados da experiência


Experiências externas
experiências visuais, olfactivas e táteis
Impressões
Ideias

Princípio da cópia

As ideias resultam das impressões

A diferença entre as impressões e as ideias é de grau e não de natureza: as ideias são cópias das impressões sensíveis.

Experiências internas
sentimentos e desejos


Ideias

Conceitos, imagens mentais (que recordamos ou imaginamos)

São as representações ou imagens debilitadas/ enfraquecidas das impressões.







Conhecimento proposicional - tipos de conhecimento
Relações de Ideias
Questões de facto
São conhecimentos a priori.
A verdade das proposições e a validade dos argumentos não dependem da experiência

São conhecimentos a posteriori
A verdade das proposições que se referem a factos depende do exame empírico


As relações de ideias são verdades necessárias
É logicamente impossível a sua negação


A verdade das proposições de facto é contingente

As proposições que exprimem e combinam relações de ideias não nos dão conhecimento sobre o que se passa no mundo – circunscrevem-se ao domínio das entidades abstratas

As proposições que se referem a factos visam descobrir coisas sobre o mundo e dar conhecimento sobre o que nele existe ou acontece

          ↗
Princípio empirista – Bifurcação de Hume
      ↓
O conhecimento da natureza é empírico




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