Naufrágio, Turner
"Esta tempestade no mar é sublime", não é uma opinião pessoal.
O primeiro
lugar-comum do gosto está contido na proposição com a qual cada pessoa sem
gosto pensa precaver-se contra a censura: cada urna tem o seu próprio gosto.
Isto equivale dizer que o princípio determinante deste juízo é simplesmente
subjectivo (deleite ou dor) e que o juízo não tem nenhum direito ao necessário
assentimento dos outros. O Segundo lugar-comum do gosto, que também é usado até
por aqueles que concedem ao juízo de gosto o direito de expressar-se
validamente por qualquer um, é: não se pode disputar sobre o gosto. O que
equivale dizer que o princípio determinante de um juízo de gosto na verdade
pode ser também objectivo, mas que ele não se deixa conduzir a conceitos
determinados; por conseguinte, nada pode ser decidido sobre o próprio juízo
através de provas, conquanto se possa perfeitamente e com direito discutir a
esse respeito.
Pois discutir e disputar são na verdade idênticos no facto que
procuram produzir a sua unanimidade através da oposição recíproca dos juízos,
são porém diferentes no facto que o último espera produzir essa oposição
segundo conceitos determinados, enquanto argumentos, por conseguinte admite conceitos
objectivos como fundamentos do juízo. Onde isso porém não for considerado
factível, aí tão pouco o disputar será ajuizado como factível. Vê-se facilmente
que entre esses dois lugares-comuns falta uma proposição, que na verdade não
esta proverbialmente em voga, mas todavia está contida no sentido de qualquer
um, nomeadamente: pode-se discutir sobre o gosto (embora não disputar). Esta
proposição contém, porém, o oposto da primeira. Pois sobre o que deva ser
permitido discutir tem que haver esperança de chegar a um acordo entre as
partes; por conseguinte tem que se poder contar com fundamentos do juízo que
não tenham validade simplesmente privada e portanto não sejam simplesmente
subjectivos; ao que se contrapõe precisamente aquela proposição fundamental:
cada um tem o seu próprio gosto.
Kant, Crítica da faculdade de Julgar
O Juízo estético em Kant
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Subjetivo porque se refere ao sujeito que
julga.
Universalmente subjetivo pois deve ser válido
para todos os sujeitos que julgam desinteressadamente.
Há uma exigência de universalidade nos nossos
juízos, pela existência ideal de um sentido de gosto comum a todos os seres
humanos que permite avaliar os objectos estéticos da mesma forma.
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