A INCOMENSURABILIDADE DOS PARADIGMAS - AQUI
O ENQUADRAMENTO MENTAL DO CIENTISTA - AQUI
A ciência normal, a atividade em que, inevitavelmente, a maioria dos cientistas consome quase todo o seu tempo, constitui-se na suposição de que a comunidade científica sabe como é o mundo. Grande parte do êxito da pesquisa deve-se ao facto da comunidade se encontrar disposta a defender essa suposição, mesmo que seja necessário pagar um preço elevado. A ciência normal, por exemplo, suprime frequentemente inovações fundamentais, devido a permanecerem demasiado subversivas relativamente às suas crenças habituais.
No entanto, (...) a própria natureza da investigação normal assegura que a inovação não seja ignorada durante muito tempo. Por vezes, um problema normal que deveria resolver-se por meio de regras e procedimentos conhecidos, opõe resistência aos esforços persistentes dos mais notáveis especialistas. Outras vezes, um instrumento concebido e construído para a investigação normal não dá os resultados esperados, revelando uma anomalia que, apesar dos esforços repetidos, não corresponde às esperanças profissionais.
A ciência normal perde-se muitas vezes nestes e noutros embaraços. E quando se acumulam, isto é, quando a comunidade de cientistas não pode passar por alto as anomalias que subvertem a tradição existente das práticas científicas, iniciam-se investigações extraordinárias que levam, por fim, à adoção de um conjunto de crenças, a uma nova base para a prática da ciência.
Os episódios extraordinários em que têm lugar essas mudanças de paradigmas, são denominadas neste ensaio por revoluções científicas.
Kuhn, A Estrutura das Revoluções científicas
A HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO SUCESSÃO DE PARADIGMAS
Desenvolvimento da ciência
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CUMULATIVO
As novas teorias melhoram, aperfeiçoam as anteriores.
O desenvolvimento da ciência durante o período de ciência normal é cumulativo.
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NÃO CUMULATIVO
As novas teorias substituem completamente as anteriores.
As revoluções científicas que resultam da ciência extraordinária são episódios de desenvolvimento não cumulativo.
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PARADIGMA | Conjunto de conceitos fundamentais e de procedimentos padronizados, aceites pela comunidade científica, que orientam e determinam a prática científica numa determinada época. Elementos dos paradigmas: Leis e pressupostos teóricos fundamentais Regras metodológicas Regras para usar instrumentos científicos Princípios metafísicos e filosóficos |
CIÊNCIA NORMAL | Ciência que se faz no âmbito de um paradigma; a atividade de resolução de problemas dirigida pelas regras do paradigma. Período de investigação cumulativa, de consenso da comunidade científica em relação ao paradigma vigente |
COMUNIDADE CIENTÍFICA
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Comunidade em que os cientistas se inserem para desenvolver o trabalho de investigação, de acordo com o paradigma vigente
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ANOMALIAS
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Enigmas que resistem à tentativa de solução
O acumular de anomalias persistentes leva os cientistas à perda de confiança no paradigma |
CRISE
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A insatisfação e perda de confiança dos cientistas no paradigma vigente, provocado pela acumulação de anomalias persistentes conduz à crise científica
Período em que um número elevado de anomalias leva o paradigma vigente a entrar em rutura e a formar-se um novo paradigma. |
CIÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
| Atividade científica que entra em rutura com o paradigma vigente e se orienta por outro paradigma. Os cientistas procuram soluções fora do paradigma vigente Algumas soluções apresentam-se como alternativas para um novo paradigma |
REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
| Substituição de um paradigma por outro Mudança radical na direção de uma disciplina científica - alteração das suas leis e teorias fundamentais e regras de investigação Adoção de um paradigma novo por parte de toda a comunidade científica. |
OBJETIVAMENTE DE MODO A DETERMINAR QUAL É O MELHOR
OS PARADIGMAS SÃO INCOMENSURÁVEIS
NÃO SE PODEM COMPARAR OBJETIVAMENTE
porque
NÃO HÁ CRITÉRIOS INDEPENDENTES RECONHECIDOS PELOS DEFENSORES DOS DOIS PARADIGMAS
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A Incomensurabilidade dos paradigmas põe em causa
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A RACIONALIDADE DA ESCOLHA ENTRE TEORIAS CIENTÍFICAS.
Não existem critérios independentes para avaliar teorias de paradigmas rivais
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A IDEIA DE PROGRESSO NA CIÊNCIA
Não é possível afirmar objetivamente que um paradigma está mais próximo da verdade.
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(adaptação Cogito)
A escolha das teorias
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CRITÉRIOS OBJETIVOS PARTILHADOS
PELOS CIENTISTAS
AO SEREM APLICADOS MOSTRAM-SE
IMPRECISOS
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Dependência do paradigma
Os cientistas que investigam com base em paradigmas diferentes
podem divergir quanto aos
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Problemas que é necessário resolver
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Os instrumentos/observações para as
observações experimentais
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Fatores subjetivos
A aplicação dos critérios – a interpretação e a importância/prioridade
que os cientistas dão aos critérios de escolha dependem de fatores subjetivos
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Históricos
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Pessoais e sociais
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Objeções à perspetiva de Kuhn sobre o
desenvolvimento da ciência
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Kuhn
defende que as mudanças de paradigma não podem ser interpretadas como
progresso científico objetivo.
A única explicação
plausível para o sucesso das numerosas aplicações tecnológicas bem-sucedidas
decorrentes das teorias científicas mais recentes é a maior correção das
teorias científicas em que se baseiam, relativamente às teorias precedentes,
menos poderosas do ponto de vista do sucesso tecnológico.
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Kuhn
defende que a avaliação das teorias acaba por depender do paradigma dominante
e de fatores subjetivos dos cientistas.
Quando os cientistas explicam e
discutem o modo como interpretam um critério ou a importância que lhe atribuem,
a discussão objetiva e racional das teorias científicas continua a um nível
mais profundo.
Quando
a avaliação das teorias é determinada por fatores subjetivos e irracionais, a
intervenção destes fatores pode ser corrigida ao longo do tempo, através da
crítica:
o
método científico consiste num conjunto de procedimentos que visam a
eliminação do erro através de testes.
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