quinta-feira, 6 de março de 2014

Conhecimentos de facto e relação de causalidade





Todos os raciocínios relativos aos factos parecem fundar-se na relação de causa e efeito. Só mediante esta relação podemos ir além do testemunho da nossa memória e dos nossos sentidos. Se perguntássemos a um homem porque acredita ele em alguma questão de facto  que está ausente, por exemplo, que o seu amigo está no campo ou na França, fornecer-nos-ia uma razão e esta razão seria algum outro facto, como uma carta dele recebida ou o conhecimento das suas antigas resoluções e promessas.
Um homem que encontrasse um relógio ou qualquer outra máquina numa ilha deserta concluiria que noutros tempos estiveram homens nessa ilha. Todos os nossos raciocínios acerca de factos são da mesma natureza. E aqui supõe-se constantemente que existe uma conexão entre o facto presente e aquele que dele é inferido. Se nada houvesse a ligá-los, a inferência seria inteiramente precária. A audição de uma voz articulada e de discurso racional na escuridão certifica-nos da presença de alguma pessoa. Porquê? Porque são efeitos da maneira de ser e da estrutura humanas, e intimamente a elas adstritos. Se analisamos todos os outros raciocínios desta natureza, veremos que se baseiam na relação de causa e efeito, e que esta relação é próxima ou remota, directa ou colateral. O calor e a luz são efeitos colaterais do fogo, e um efeito pode ser adequadamente inferido a partir do outro.


                           
David Hume, Investigação Sobre o Entendimento Humano








Os conhecimentos de facto baseiam-se no raciocínio indutivo e na relação de causa-efeito

A relação causal é uma conexão ou relação necessária entre fenómenos






Não há nenhuma impressão sensível da qual derive a ideia de causa

Mas observamos:

A SUCESSÃO TEMPORAL

A CONJUNÇÃO CONSTANTE ENTRE DOIS FENÓMENOS E CHAMAMOS CAUSA AO QUE PRECEDE E EFEITO AO QUE SUCEDE

Ao observar que um acontecimento tem até agora sido sempre seguido do acontecimento B, acreditamos que, da próxima vez que ocorrer A, sucederá B.

A OBSERVAÇÃO DESTA CONSTANTE CONJUGAÇÃO, LEVA-NOS A FORMAR A IDEIA DE CAUSA.

A IDEIA DE CAUSA NÃO DERIVA DA OBSERVAÇÃO DE UM FENÓMENO MAS DO COSTUME, DO HÁBITO DE ESPERAR QUE B ACONTEÇA MAL VEMOS A ACONTECER.

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