Mondrian
A maioria das
pessoas gosta de pensar que é lógica. Dizer a alguém "Não estás a ser
lógico" é uma normalmente uma forma de crítica. Ser ilógico é ser confuso,
desordenado, irracional. Mas o que é a lógica? (…) Todos nós raciocinamos.
Tentamos descobrir como as coisas são raciocinando com base naquilo que já
sabemos. Tentamos persuadir os outros de que algo é de determinada maneira
dando-lhes razões. A lógica é o estudo do que conta como uma boa razão para o
quê, e porquê. Temos no entanto de compreender esta afirmação de um certo modo.
Aqui estão dois trechos de raciocínio — os lógicos chamam-lhes inferências:
1. Roma é a capital da Itália, e este avião aterra
em Roma; logo, o avião aterra na Itália.
2. Moscovo é a capital dos EUA; logo, não podemos
ir a Moscovo sem ir aos EUA.
Em ambos os casos as
afirmações antes do "logo" — os lógicos chamam-lhes premissas —
são as razões dadas; as afirmações depois do "logo" — os lógicos
chamam-lhes conclusões — são aquilo que as razões devem
sustentar. O primeiro trecho de raciocínio está correto, mas o segundo é
completamente descabido, e não iria persuadir pessoa alguma com um conhecimento
elementar de geografia: a premissa de que Moscovo é a capital dos EUA é,
simplesmente, falsa. Note-se, contudo, que se a premissa fosse verdadeira — por
exemplo, se os EUA tivessem comprado a Rússia toda (e não apenas o Alasca) e
tivessem mudado a Casa Branca para Moscovo para estarem perto dos centros do
poder europeus — a conclusão seria de facto verdadeira. A conclusão
seguir-se-ia da premissa; e essa é a preocupação da lógica. A lógica não se
preocupa em saber se as premissas de uma inferência são verdadeiras ou falsas.
Isso é o trabalho de outras pessoas (neste caso, do geógrafo). A lógica apenas
está preocupada em saber se a conclusão se segue das premissas. Os lógicos
chamam válidas a todas as inferências em que de facto a
conclusão se segue das premissas. Assim, o objetivo principal da lógica é
compreender a validade.
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Graham Priest, Lógica (tradução de Célia Teixeira)
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