António Ramos Rosa, 17/10/1924 - 23/09/2013
Nada sabemos de quase tudo. A vastidão
é inapreensível. A simultaneidade
é inapreensível. A disparidade
é inapreensível. E há um mutismo
no mundo e em nós que não se quebra nunca.
Na página há um silêncio inexpugnável
Talvez algo queira correr e dissipar-se
na correnteza da água. Talvez um outro espaço
mesmo na ignorância possa ser a transparência
Mas longe é tudo vagaroso e recolhido
Não progredimos na grande solidão que envolve tudo
Ouvi-la? É quase deslumbrante e de uma
tranquilidade que em nós demora
como se em nós houvesse correspondência
Ou não somos nós que criamos o entendimento
que une as sombras que somos ao sossego império
que é tudo e nada no seu mundo esplendor?
Somos nós e é o mundo que cria a substância
de estar em que nada se abre e todavia se abre
nas corolas de sono e no timbre da luz
Somos nós e é o mundo que cria a substância
de estar em que nada se abre e todavia se abre
nas corolas de sono e no timbre da luz
António Ramos Rosa, O Livro da Ignrância
Sem comentários:
Enviar um comentário