A filosofia é uma
atividade: é uma forma de pensar acerca de certas questões. A sua
característica mais marcante é o uso de argumentos lógicos. A atividade dos
filósofos é, tipicamente, argumentativa: ou inventam argumentos, ou criticam os
argumentos de outras pessoas ou fazem as duas coisas. Os filósofos também
analisam e clarificam conceitos. A palavra «filosofia» é muitas vezes usada num
sentido muito mais lato do que este, para referir uma perspetiva geral da vida
ou para referir algumas formas de misticismo. Não irei usar a palavra neste
sentido lato: o meu objectivo é lançar alguma luz sobre algumas das áreas
centrais de discussão da tradição que começou com os gregos antigos e que tem
prosperado no século XX, sobretudo na Europa e na América.
Que tipo de coisas
discutem os filósofos desta tradição? Muitas vezes, examinam crenças que quase
toda a gente aceita acriticamente a maior parte do tempo. Ocupam-se de questões
relacionadas com o que podemos chamar vagamente «o sentido da vida»: questões
acerca da religião, do bem e do mal, da política, da natureza do mundo
exterior, da mente, da ciência, da arte e de muitos outros assuntos. Por
exemplo, muitas pessoas vivem as suas vidas sem questionarem as suas crenças
fundamentais, tais como a crença de que não se deve matar. Mas por que razão
não se deve matar? Que justificação existe para dizer que não se deve matar?
Não se deve matar em nenhuma circunstância? E, afinal, que quer dizer a palavra
«dever»? Estas são questões filosóficas. Ao examinarmos as nossas crenças,
muitas delas revelam fundamentos firmes; mas algumas não. O estudo da filosofia
não só nos ajuda a pensar claramente sobre os nossos preconceitos, como ajuda a
clarificar de forma precisa aquilo em que acreditamos. Ao longo desse processo
desenvolve-se uma capacidade para argumentar de forma coerente sobre um vasto
leque de temas -- uma capacidade muito útil que pode ser aplicada em muitas
áreas.
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