quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O que podemos aprender com o relativismo cultural?


Gaugin

Penso, na verdade, que há alguma coisa correta no relativismo cultural e quero agora passar a dizer o que é. Há duas lições que podemos aprender com a teoria, ainda que acabemos por rejeitá-la.
Primeiro, o relativismo cultural alerta-nos, de maneira correta, para os perigos de pressupor que todas as nossas preferências estão fundadas numa espécie de padrão racional absoluto. Não estão. Muitas das nossas práticas (mas não todas) são particularidades exclusivas da nossa sociedade. (…) O relativismo cultural começa com a preciosa observação de que muitas das nossas práticas são apenas isto; produtos culturais.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Será a ética uma questão de convenções sociais?


Cena do Filme, O apedrejamento de Soraya M

A ideia de que a ética é apenas uma questão de convenções sociais atraiu sempre as pessoas educadas. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes, diz-se, e pensar que há um padrão universal que se aplica em todas as épocas e lugares não passa de uma ingenuidade. É fácil encontrar exemplos. Nos países islâmicos, os homens podem ter mais do que uma mulher. Na Europa medieval, pensava-se que emprestar dinheiro a juros era pecado. Os povos nativos do Norte da Gronelândia por vezes abandonavam as pessoas velhas, deixando-as morrer ao frio. Ao pensar em exemplos como estes, os antropólogos concordam há muito com a afirmação de Heródoto:« O costume é o rei de todos nós.»

domingo, 26 de janeiro de 2014

O argumento cético da ilusão




O argumento da ilusão é um argumento cético que questiona a fiabilidade dos sentidos, ameaçando assim enfraquecer o realismo do senso comum. Habitualmente, nós confiamos nos nossos sentidos, mas, por vezes, eles enganam-nos. Por exemplo, quase toda a gente já teve a experiência embaraçosa de parecer reconhecer um amigo à distância, para descobrir depois que estamos a acenar a um desconhecido.

O mundo exterior


Magritte

O nosso conhecimento básico do mundo exterior chega-nos através dos cinco sentidos. Para quase toda a gente, a visão desempenha o papel principal. Sei como é o mundo exterior porque posso vê-lo. Se duvido da existência real do que vejo, posso, em geral, estender o braço e tocar-lhe para ter a certeza. Sei que tenho uma mosca na sopa porque posso vê-la e, se chegar a tanto, posso tocar-lhe e até prová-la. Mas qual é exactamente a relação entre o que penso ver e o que está de facto à minha frente? 

sábado, 25 de janeiro de 2014

Waltzing Matilda - Tom Waits




Sugestão musical para este fim de semana 

Conhecimento, razão e experiência



Menez

Retire um livro retangular da sua estante e olhe para a capa. Qual é a cor predominante, e quantos lados tem? Ao responder a estas questões, o leitor fica a saber duas coisas acerca deste livro, e esses dois factos mostram uma importante distinção entre duas maneiras que temos de adquirir conhecimento.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Emotivismo



Outra teoria metaética importante é conhecida como emotivismo ou não cognitivismo. Os emotivistas, (…) defendem que nenhuma afirmação tem literalmente sentido. Não exprimem quaisquer factos; o que exprimem é a emoção do locutor. Os juízos morais não têm nenhum significado literal; são apenas expressões de emoção, como resmungos, bocejos ou gargalhadas.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O objetivismo dos valores





É verdade, julgo eu, que não existe qualquer realidade moral comparável à do mundo físico. Contudo, não se segue daqui que não possam existir verdades objectivas na ética. A ética pode ter uma base objetiva de outra forma.
Uma investigação pode ser objetiva de duas formas:

sábado, 18 de janeiro de 2014

Schubert Fantasie in F minor, op.103 (I)




Sugestão musical para este fim de semana

Críticas ao relativismo moral




Será o relativismo inconsistente?

Os relativistas morais são por vezes acusados de inconsistência, uma vez que defendem que todos os juízos morais são relativos, ao mesmo tempo que querem que acreditemos que a própria teoria do relativismo moral é absolutamente verdadeira.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Relativismo Cultural - consequências



(…) William Graham Sumner resume a essência do relativismo cultural. Sumner afirma que não há uma medida do certo e do errado, além dos padrões de uma dada sociedade: “A noção de certo está nos hábitos da população. Não reside além deles, não provém de origem independente, para os por à prova. O que estiver nos hábitos populares, seja o que for, está certo". Suponha-se que tomávamos isto a sério. Quais seriam algumas das consequências?

Relativismo moral




É uma verdade incontroversa que pessoas de sociedades diferentes têm costumes diferentes e diferentes ideias acerca do bem e do mal morais. Não há consenso mundial sobre a questão de saber que as acções são moralmente boas e moralmente más, apesar de existir uma convergência considerável sobre estas matérias.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Subjetivismo axiológico


Ana Subjetivista

Chamo-me Ana Subjetivista; mas, dado a minha colega também se chamar "Ana", habitualmente tratam-me por "Sub". Adotei o subjetivismo ao compreender que a moral é profundamente emocional e pessoal.
O ano passado frequentei com alguns amigos um curso de antropologia. Acabámos por aceitar o relativismo cultural – a perspetiva de que o bem e o mal são relativos a cada cultura, que "bem" significa "socialmente aprovado". Mais tarde, descobri que o relativismo cultural enfrenta um problema, nomeadamente o de nos negar a liberdade para formarmos os nossos próprios juízos morais. Sucede que a liberdade moral é algo a que atribuo muita importância.

Valores objetivos



A perspetiva objetivista (também designada realismo moral) defende que certas coisas são objetivamente um bem ou objetivamente um mal, independentemente do que possamos sentir ou pensar. Martin Luther King, por exemplo, defendia que o racismo está objetivamente errado. Que o racismo esteja errado era para ele um facto. Qualquer pessoa e cultura que aprovasse o racismo estariam erradas. Ao dizer isto, King não estava a absolutizar as normas da nossa sociedade; discordava, pelo contrário, das normas amplamente aceites. Fazia apelo a uma verdade mais elevada acerca do bem e do mal, uma verdade que não estava dependente do modo de pensar ou sentir das pessoas neste ou naquele momento. Fazia apelo a valores objetivos.

Objeções ao relativismo cultural




Ana deu-nos uma formulação clara de um ponto de vista acerca da moral que muitas pessoas consideram atrativa. Refletiu bastante acerca da moral e isto permite-nos aprender com ela. Contudo, estou convencido de que a sua perspetiva básica neste domínio está errada. Suponho que Ana acabará por concordar à medida que as suas ideias ficarem mais claras.
Deixem-me indicar o principal problema. RC força-nos a conformar-nos com as normas sociais — ou contradizemo-nos. Se "bem" e "socialmente aprovado" significam a mesma coisa, seja o que for ao qual o primeiro termo se aplique também o segundo lhe é aplicável.

Relativismo Cultural


 Ana Relativista

O meu nome é Ana Relativista. Aderi ao relativismo cultural ao compreender a profunda base cultural que suporta a moralidade.
Fui educada para acreditar que a moral se refere a factos objetivos. Tal como a neve é branca, também o infanticídio é um mal. Mas as atitudes variam em função do espaço e do tempo. As normas que aprendi são as normas da minha própria sociedade; outras sociedades possuem diferentes normas. A moral é uma construção social. Tal como as sociedades criam diversos estilos culinários e de vestuário, também criam códigos morais distintos. Aprendi-o ao estudar antropologia e vivi-o no México quando estive lá a estudar.

O problema da subjetividade, relatividade ou objetividade dos valores



domingo, 12 de janeiro de 2014

Platão - A definição Tripartida de Conhecimento





Sócrates: Diz-me, então, qual a melhor definição que poderíamos dar de conhecimento, para não nos contradizermos?
(…)
Teeteto: A de que a crença verdadeira é conhecimento? Certamente que a crença verdadeira é infalível e tudo o que dela resulta é belo e bom.

sábado, 11 de janeiro de 2014

O que torna uma crença verdadeira ou falsa?




(…) a verdade ou falsidade de uma crença depende sempre de algo que está fora da própria crença. Se eu acredito que Carlos I morreu no cadafalso, acredito em verdade, não por causa de qualquer qualidade intrínseca da minha crença, que possa ser descoberta examinando apenas a crença, mas por causa de um acontecimento histórico que se deu há dois séculos e meio.

Famous Blue Raincoat




Sugestão musical para este fim de semana

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O que é o conhecimento?




O conhecimento é um estado muitíssimo valorizado no qual uma pessoa está em contacto cognitivo com a realidade. Trata-se, portanto, de uma relação. De um lado da relação encontra-se um sujeito consciente, e do outro lado encontra-se uma porção da realidade  com a qual o conhecedor está direta ou indirectamente relacionado. Enquanto a relação direta é uma questão de grau, é conveniente pensar no conhecimento de coisas como uma forma direta de conhecimento relativamente ao qual o conhecimento acerca de coisas é indireto.

Contra-exemplos para a teoria CVJ



Três Contra-Exemplos à Teoria CVJ

Em 1963, o filósofo Edmund Gettier publicou dois contra-exemplos para a teoria CVJ. O que é um contra-exemplo? É um exemplo que contradiz o que diz uma teoria geral. Um contra-exemplo contra uma generalização mostra que a generalização é falsa. A teoria CVJ diz que todos os casos de crença verdadeira justificada são casos de conhecimento. Gettier pensa que estes dois exemplos mostram que um indivíduo pode ter uma crença verdadeira justificada mas não ter conhecimento. Se Gettier tiver razão, então as três condições indicadas pela teoria CVJ não são suficientes.

Crença Verdadeira Justificada


Dois Requisitos para o Conhecimento: Crença e Verdade

Devemos fazer notar duas ideias que fazem parte do conceito de conhecimento. Primeiro, se S sabe que p (que uma proposição é verdadeira), então tem de acreditar que p. Segundo, se S sabe que p, então p tem de ser verdadeira. O conhecimento requer tanto a crença quanto a verdade. Comecemos pela segunda ideia. As pessoas às vezes dizem que sabem coisas que mais tarde se revelam falsas. Mas isto não é saber coisas que são falsas, é pensar que se sabem coisas que, de facto, são falsas.

O que é o conhecimento - Tipos de Conhecimento




No quotidiano falamos de conhecimento, de crenças que estão fortemente apoiadas por dados, e dizemos que elas têm justificação ou que estão bem fundamentadas. A epistemologia é a parte da filosofia que tenta entender estes conceitos. Os epistemólogos tentam avaliar a ideia, própria do senso comum, de que possuímos realmente conhecimento. Alguns filósofos tentaram apoiar com argumentos esta ideia do senso comum. Outros fizeram o contrário. Os filósofos que defendem que não temos conhecimento, ou que as nossas crenças não têm justificação racional, estão a defender uma versão de cepticismo filosófico.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Juízos de facto e juízos de valor


Menez
Juízos de Facto e Juízos de Valor

É uma pintura de Menez (1926-1995)

É uma pintura muito bela!

Eu considero esta pintura muito bela.

Devemos saber apreciar  obras de arte.

Eu gosto desta pintora.

Valoração


Magritte
Avaliar é exatamente estabelecer diferenças entre umas coisas e outras, preferir isto àquilo e escolher o que tem de ser conservado porque tem mais interesse que o resto. O trabalho de avaliar é tarefa humana por excelência e a base de qualquer cultura humana. Na natureza reina a indiferença, na cultura, a diferenciação e os valores. Sendo assim, devemos perguntar-nos que critérios de avaliação podemos ter para fundamentar as nossas supostas obrigações relativamente aos elementos naturais, deixando claro à partida que sejam quais forem esses critérios, serão culturais e nunca propriamente naturais.

Ciclo Ingmar Bergman



CICLO INGMAR BERGMAN 

No Espaço Nimas


Ingmar Bergman (1918-2007), dramaturgo e cineasta sueco, aborda nos seus filmes questões existenciais como a mortalidade, a ausência de Deus, a solidão… 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

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