O argumento da ilusão é um argumento cético que questiona a fiabilidade dos sentidos, ameaçando assim enfraquecer o realismo do senso comum. Habitualmente, nós confiamos nos nossos sentidos, mas, por vezes, eles enganam-nos. Por exemplo, quase toda a gente já teve a experiência embaraçosa de parecer reconhecer um amigo à distância, para descobrir depois que estamos a acenar a um desconhecido.
Uma vara direita parcialmente imersa em água pode parecer curva.
Uma maçã pode ter um sabor amargo se acabámos de comer uma coisa muito doce;
vista de um certo ângulo, uma moeda redonda parece oval; os carris do combóio
parecem convergir à distância; o tempo quente pode fazer com que a estrada
pareça tremeluzir; (…). Estas ilusões sensoriais e outras análogas mostram que
os sentidos não são sempre completamente fidedignos: parece pouco provável que
o mundo exterior seja exactamente como parece ser.
O argumento da
ilusão afirma que, porque os nossos sentidos nos enganam por vezes, nunca
podemos ter a certeza, perante qualquer caso específico, que não nos estão a
enganar neste momento. Este é uma argumento cético porque desafia a nossa
crença quotidiana – o realismo do senso comum – de que os sentidos nos dão
conhecimento do mundo.
Nigel Warburton, Elementos básicos da Filosofia
Sem comentários:
Enviar um comentário