sábado, 12 de outubro de 2013

Avaliar argumentos



Formular e testar argumentos é importante em qualquer área, mas é especialmente decisivo quando lidamos com grandes decisões abstratas, já que não temos outra forma de as compreender. Uma teoria filosófica é apenas tão boa como os argumentos que a apoiam.
Alguns argumentos são sólidos, alguns não o são, e precisamos saber como os distinguir. Seria bom se houvesse uma maneira simples de o fazer. Infelizmente, não há. Os argumentos são muito diversos e podem estar errados de inúmeras formas. Porém, podemos atender a alguns princípios gerais.
(…) No sentido que os lógicos dão ao termo, um “argumento” é apenas uma cadeia de raciocínio concedida para provar algo. Um argumento consiste numa ou mais premissas e numa conclusão. A conclusão é aquilo que estamos a tentar provar e as premissas são as considerações que supostamente o provam.
Aristóteles foi a primeira pessoa que estudou lógica sistematicamente. Apresentou este exemplo, e os professores têm-no repetido desde então:

1.       Todos os homens são mortais
2.       Sócrates é homem
3.       Sócrates é mortal

Aquilo que mais importa observar é que a questão de saber se as premissas são verdadeiras e a questão de saber se a conclusão se segue delas, são duas questões diferentes. No exemplo de Aristóteles ambas as premissas são verdadeiras e a conclusão segue-se delas. Mas podemos dar um exemplo diferente em que as premissas e a conclusão são verdadeiras, mas em que a conclusão não se segue das premissas.

1.       Sócrates foi executado quando tinha setenta anos
2.       Sócrates foi executado em 399 a.C.
3.       Logo, Sócrates esteve alistado no exército ateniense

E o argumento seguinte é um exemplo em que tanto as premissas como a conclusão são falsas, mas em que, ainda assim, a conclusão se segue das premissas:

1.       Todos os sofistas eram burros
2.       Sócrates era um sofista
3.       Sócrates era burro

O que significa dizer que a conclusão se segue das premissas? (…) Significa que seria impossível que as premissas fossem verdadeiras, e que, ao mesmo tempo, a conclusão fosse falsa.


                                                                    J. Rachels, Problemas da Filosofia


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