terça-feira, 22 de novembro de 2011

Será o determinismo compatível com a responsabilidade moral?





CAROLINA: Penso que não é necessário, para defender o determinismo, afirmar tudo aquilo que o Daniel diz. Julgo que uma pessoa pode acreditar no determinismo, como eu acredito, sem ter de negar a responsabilidade moral, como faz o Daniel.
LÁZARO: É um ponto de vista interessante.
CAROLINA: Concordo com o Daniel quando ele afirma que os indícios a favor do determinismo são de tal modo fortes que temos de acreditar que o determinismo é verdadeiro. E concordo contigo, Lázaro, quando dizes que a legitimidade da culpa, do castigo e da moralidade mostra que somos responsáveis por aquilo que fazemos. Nem o determinismo, nem a responsabilidade moral podem ser negados sem que se neguem também factos evidentes.
LÁZARO: Depreendo que acreditas que a responsabilidade moral é compatível com o determinismo, certo?
CAROLINA: Sim. Uma pessoa pode acreditar em ambas sem se contradizer.
LÁZARO: Gostaria que te explicasses melhor, pois parece-me haver aí uma contradição. O determinismo implica que as pessoas não podem agir de modo diferente daquele que agem, e a responsabilidade moral pressupõe que as pessoas podem agir de forma diferente daquela que de facto agem. CAROLINA: Concordo contigo quando dizes que a responsabilidade moral pressupõe que as pessoas podem agir de modo diferente, mas não penso que essa possibilidade entre em conflito com o determinismo. O que queremos dizer quando afirmamos que podemos agir de modo diferente daquele que realmente agimos é apenas que nenhuma pessoa ou circunstância nos força a agir ou nos impede de fazer algo diferente. Mesmo que as nossas acções sejam causadas pelas nossas crenças, desejos ou escolhas, isto não significa que a tal tenhamos sido forçados.
LÁZARO: Por que é que defines "a capacidade de agir de outro modo" dessa forma?
CAROLINA: Defino-a assim porque é assim que, normalmente, a entendemos. Por exemplo, um assaltante de um banco que poderia não ter assaltado o banco é alguém que não foi forçado agir dessa maneira... É este sentido típico da "capacidade de agir de outro modo" que é necessário para haver responsabilidade moral e que é compatível com o determinismo.
LÁZARO: Podes explicar isso melhor?
CAROLINA: Claro. As nossas acções podem ser causadas pelas nossas crenças, desejos e escolhas e, ao mesmo tempo, não serem forçadas por nenhuma pessoa ou circunstância. O exemplo do ladrão de bancos é esclarecedor. Ele poderia não ter assaltado o banco uma vez que ninguém o forçou a isso, no entanto, a acção de assaltar o banco foi causada pela sua crença de que poderia escapar e pelo seu desejo de ficar rico. Ele é moralmente responsável por aquilo que fez, ainda que a sua acção tenha sido causada...
                                                                 
                                                                           Clifford Williams

Qual a relação entre livre arbítrio e responsabilidade moral?
É o determinismo compatível com a responsabilidade moral?

sábado, 19 de novembro de 2011

É o livre arbítrio compatível com o determinismo?




CAROLINA: Eu diria que há três questões principais: 1) Têm as pessoas livre arbítrio? 2) É o determinismo verdadeiro? e 3), é o livre arbítrio compatível com o determinismo?
LÁZARO: A minha resposta a essas questões é que as pessoas têm livre arbítrio, que o livre arbítrio é incompatível com o determinismo, e, logo, que o determinismo é falso.
DANIEL: O meu raciocínio é exactamente o oposto. Defendo que o determinismo é verdadeiro e, logo, que as pessoas não têm livre arbítrio.
CAROLINA: Concordo contigo, Lázaro, quando afirmas que as pessoas têm liberdade, e contigo, Daniel, quando afirmas que o determinismo é verdadeiro, mas não julgo que as duas posições sejam contraditórias.
Determinismo
LÁZARO: Talvez o melhor seja, antes de começarmos a discutir as nossas posições, definir "determinismo".
CAROLINA: Boa ideia. A minha definição de "determinismo" é: "Tudo o que acontece tem uma causa". Na terminologia da filosofia contemporânea isso é o mesmo que dizer que todo o acontecimento tem uma causa. Incluindo tudo o que fazemos, pensamos ou dizemos.
                                                                                                          Clifford Williams

Identifica o problema sobre o qual discutem/argumentam a Carolina, o Lázaro e o Daniel. Quais as suas posições acerca do mesmo?

O problema do livre arbítrio




Será que temos capacidade de escolha e de decisão? Ou a nossa acção está ligada a acontecimentos anteriores, sendo um efeito de um acontecimento anterior?
Muitos acontecimentos do mundo estão sujeitos a um determinismo causal. Mas são também  as nossas acções o resultado de causas anteriores e não o resultado da nossa vontade?
Somos livres ou determinados?


O que se entende por livre arbítrio?
O que se entende por determinismo?
Em que consiste o problema do lovre arbítrio?

As condicionantes da ação humana


O fenómeno fundamental da auto-experiência humana é que já de antemão nos achamos no meio de uma realidade, rodeada por coisas e seres humanos, com os quais lidamos, que nos influenciam e com quem mantemos uma relação múltipla. A nossa existência está na dependência do mundo, tanto do mundo das coisas e dos objectos como também e sobretudo do mundo humano e pessoal. A nossa existência concreta está assim condicionada e determinada de múltiplas formas. Foram-lhes dadas possibilidades, ao mesmo tempo que ficou sujeita a limitações.
Isto também é válido no que diz respeito à nossa vida somático-biológica, ligada a este mundo de coisas, submetida às leis e físicas e químicas, que surgiu neste mundo fruto de um processo vital e é regida por leis biológicas e psicológicas, como toda a forma de vida que existe no mundo. Assim, a nossa vida corporal está dependente do mundo como a nossa vida vital; está dependente das coisas do mundo que nos fornecem o alimento, vestuário e habitação, que nós aprendemos, usamos e manipulamos a fim de poder viver e subsistir como homens.
Com maior razão não pode prescindir do mundo humano. O indivíduo nasce na comunidade e cresce nela de forma humana. Aprende a sua linguagem, adopta os seus costumes e participa no seu espírito e na sua cultura. Tudo isto imprime um cunho decisivo na existência humana individual.
                                                 E. Goreth, O que é o Homem?
Quais são as duas ordens de causas ou de fatores condicionantes da ação?

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O que é uma ação?




"As nossas acções são (algumas das) coisas que fazemos. Na realidade o verbo ‘fazer’ cobre um campo semântico bastante mais amplo que o substantivo ‘acção’. O latim distingue o agere do facere (aos quais corresponde em português agir e fazer). Ao substantivo latino actio, derivado de agere, corresponde o substantivo acção. Assim, até de um ponto de vista etimológico, ‘acção’ só carreia a carga semântica de ‘agir’ e não propriamente de ‘fazer’.
Tudo quanto realizamos é parte da nossa conduta, mas nem tudo o que realizamos constitui uma acção. Enquanto dormimos realizamos muitas coisas: respiramos, suamos, damos voltas, apertamos a cabeça contra a almofada, sonhamos, talvez ressonemos alto ou falemos em voz alta ou andemos sonâmbulos pela casa. Todas estas coisas as realizamos inconscientemente, enquanto dormimos. Realizamo-las mas não nos damos conta delas, não temos consciência de que as realizamos. A estas coisas que fazemos inconscientemente não lhes vamos chamar acções.
Vamos reservar o termo ‘acção’ para as coisas que realizamos conscientemente, dando-nos conta de que as fazemos.
Há, no entanto, coisas que fazemos conscientemente, dando-nos conta delas, mas sem que à sua realização corresponda uma intenção nossa. Damo-nos conta dos nossos ‘tiques’ e de muitos dos nossos actos reflexos, mas realizamo-los involuntariamente, constatamo-los como espectadores, não os efectuamos como agentes. (A palavra ‘agente’ é outra das palavras derivadas do verbo latino agere.) Por algo que sentimos depois de comer damo-nos conta de que estamos a fazer a digestão. Mas fazer a digestão não constitui (normalmente) uma acção. Pelos sorrisos dos que nos observam damo-nos conta de que estamos a ser ridículos. Mas ser ridículo (praticar actos ridículos) não é uma acção, mas uma reacção, algo que nos passa despercebido e que lamentamos (a não ser que o façamos de propósito, como provocação; neste caso já seria uma acção). Também não chamamos acção a esses aspectos da nossa conduta de que nos damos conta, mas que não efectuamos intencionalmente.
No presente estudo limitar-nos-emos às acções humanas conscientes e voluntárias, às que daqui em diante chamaremos acções (sem mais). Uma acção é uma interferência consciente e voluntária de um homem ou de uma mulher (o agente) no normal decurso das coisas, que sem a sua interferência haveriam seguido um caminho distinto do que por causa da acção seguiram. Uma acção consta, pois, de um evento que sucede graças à interferência de um agente e de um agente que tinha a intenção de interferir para conseguir que tal evento sucedesse.
A maior parte dos acontecimentos não tem nada a ver com acções. Mas há acontecimentos que não pertencem ao normal decurso de um sistema, mas há interferência voluntária de um ser humano que é o agente dessa acção. Pode haver acontecimentos sem acções mas não pode haver acções sem acontecimentos "
                                                         MOSTERÍN, Jesús (1987). Racionalidad y Acción Humana



O que distingue acontecer, fazer e ação?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Estudar Filosofia




Uma razão importante para estudar filosofia é o facto de esta lidar com questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. A maior parte das pessoas, num ou noutro momento da sua vida, já se interrogou a respeito de questões filosóficas. Por que razão estamos aqui? Há alguma demonstração da existência de Deus? As nossas vidas têm algum propósito? O que faz com que algumas acções sejam moralmente boas ou más? Poderemos alguma vez ter justificação para violar a lei? Poderá a nossa vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo, ou seremos apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? E assim por diante.
A maior parte das pessoas que estuda filosofia acha importante que cada um de nós examine estas questões. Algumas até defendem que não vale a pena viver a vida sem a examinar. Persistir numa existência rotineira sem jamais examinar os princípios na qual esta se baseia pode ser como conduzir um automóvel que nunca foi à revisão. Podemos justificadamente confiar nos travões, na direcção e no motor, uma vez que sempre funcionaram suficientemente bem até agora; mas esta confiança pode ser completamente injustificada: os travões podem ter uma deficiência e falharem precisamente quando mais precisarmos deles. Analogamente, os princípios nos quais a nossa vida se baseia podem ser inteiramente sólidos; mas, até os termos examinado, não podemos ter a certeza disso.
Contudo, mesmo que não duvidemos seriamente da solidez dos princípios em que baseamos a nossa vida, podemos estar a empobrece-la ao recusarmo-nos a usar a nossa capacidade de pensar. Muitas pessoas acham que dá demasiado trabalho ou que é excessivamente inquietante colocar este tipo de questões fundamentais: podem sentir se satisfeitas e confortáveis com os seus preconceitos. Mas há outras pessoas que têm um forte desejo de encontrar respostas a questões filosóficas que representem um desafio.

                                               Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia

sábado, 15 de outubro de 2011

O que é a filosofia?



O que é a filosofia? Esta é uma questão notoriamente difícil. Uma das formas mais fáceis de responder é dizer que a filosofia é aquilo que os filósofos fazem, indicando de seguida os textos de Platão, Aristóteles, Descartes, Hume, Kant, Russell, Wittgenstein, Sartre e de outros filósofos famosos. Contudo, é improvável que esta resposta possa ser realmente útil se o leitor está a começar agora o seu estudo da filosofia, uma vez que, nesse caso, não terá provavelmente lido nada desses autores. Mas mesmo que já tenha lido alguma coisa, pode mesmo assim ser difícil dizer o que têm em comum, se é que existe realmente uma característica relevante partilhada por todos. Outra forma de abordar a questão é indicar que a palavra «filosofia» deriva da palavra grega que significa «amor da sabedoria». Contudo, isto é muito vago e ainda nos ajuda menos do que dizer apenas que a filosofia é aquilo que os filósofos fazem. Precisamos por isso de alguns comentários gerais sobre o que é a filosofia.

A filosofia é uma actividade: é uma forma de pensar acerca de certas questões. A sua característica mais marcante é o uso de argumentos lógicos. A actividade dos filósofos é, tipicamente, argumentativa: ou inventam argumentos, ou criticam os argumentos de outras pessoas ou fazem as duas coisas. Os filósofos também analisam e clarificam conceitos. A palavra «filosofia» é muitas vezes usada num sentido muito mais lato do que este, para referir uma perspectiva geral da vida ou para referir algumas formas de misticismo. Não irei usar a palavra neste sentido lato: o meu objectivo é lançar alguma luz sobre algumas das áreas centrais de discussão da tradição que começou com os gregos antigos e que tem prosperado no século XX, sobretudo na Europa e na América.

sábado, 8 de outubro de 2011

Lógica Aristotélica





(…) Aristóteles serviu-se destas classificações para estabelecer regras para avaliar as inferências. Por exemplo, para que um silogismo seja válido é necessário que pelo menos uma premissa seja afirmativa e que pelo menos uma seja universal; se ambas as premissas forem negativas, a conclusão tem de ser negativa. Na sua totalidade, as regras de Aristóteles bastam para validar os silogismos válidos e para eliminar os inválidos. (…)
A Kenny, História Concisa da Filosofia Ocidental



REGRAS DO SILOGISMO



REGRAS DOS TERMOS
1ª REGRA
Um silogismo tem 3 termos: maior, médio e menor
2ª REGRA
Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas
3ª REGRA
O termo médio tem de ser tomado pelo menos uma vez em toda a sua extensão
4ª REGRA
A conclusão não pode conter o termo médio

REGRAS DAS PROPOSIÇÕES
5ª REGRA
De duas premissas negativas nada se pode concluir
6ª REGRA
De duas premissas afirmativas não se pode inferir uma conclusão negativa
7ª REGRA
De duas premissas particulares nada se pode concluir
8ª REGRA
A conclusão segue sempre a parte mais fraca

 
As oito regras podem reduzir-se a três

3 REGRAS
1ª REGRA
O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez
2ª REGRA
Se o termo menor e/ou o maior estão distribuídos na conclusão, terão de estar distribuídos nas premissas
3ª REGRA
O número de premissas negativas deve ser o mesmo nas premissas e na conclusão

O valor da Filosofia



O valor da filosofia, na realidade, deve ser buscado, em grande medida, na sua própria incerteza. O homem que não tem umas tintas de filosofia caminha pela vida afora preso a preconceitos derivados do senso comum, das crenças habituais de sua época e do seu país, e das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. Para tal homem o mundo tende a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas. Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta que até as coisas mais ordinárias conduzem a problemas para os quais somente respostas muito incompletas podem ser dadas. A filosofia, apesar de incapaz de nos dizer com certeza qual é a verdadeira resposta para as dúvidas que ela própria levanta, é capaz de sugerir numerosas possibilidades que ampliam nossos pensamentos, livrando-os da tirania do hábito. Desta maneira, embora diminua o nosso sentimento de certeza com relação ao que as coisas são, aumenta em muito nosso conhecimento a respeito do que as coisas podem ser; ela remove o dogmatismo um tanto arrogante daqueles que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica nosso sentimento de admiração, ao mostrar as coisas familiares num determinado aspecto não familiar.
                                                                                    Bertrand Russell, Os problemas da filosofia

sábado, 1 de outubro de 2011

Filosofar ou não filosofar



“Viver sem filosofar equivale, verdadeiramente, a ter os olhos fechados, sem nunca procurar abri-los, e o prazer de ver todas as coisas que a nossa vista alcança não se compara à satisfação que confere o conhecimento do que se encontra pela filosofia, e enfim, este estudo é mais necessário para regrar os costumes, e conduzir-nos na nossa vida, do que o uso dos olhos para nos guiar os passos”
                                                                                                   René Descartes, Princípios de Filosofia

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Validade e verdade





As partes relevantes de um argumento são, em primeiro lugar, as suas premissas. As premissas são o ponto de partida, ou o que se aceita ou presume, no que respeita ao argumento. Um argumento pode ter uma ou várias premissas. A partir das premissas, os argumentos derivam uma conclusão. Se estamos a reflectir sobre um argumento, talvez por termos relutância em aceitar a sua conclusão, temos duas opções. Em primeiro lugar, podemos rejeitar uma ou mais das suas premissas. Em segundo lugar, podemos também rejeitar o modo como a conclusão é extraída das premissas. A primeira reacção é que uma das premissas não é verdadeira. A segunda é que o raciocínio não é válido. É claro que o mesmo argumento pode estar sujeito a ambas as críticas: as premissas não são verdadeiras e o raciocínio aplicado é inválido. Mas as duas críticas são distintas (e as duas expressões, «não é verdadeira» e «não é válido», marcam bem a diferença).
                                                                                   BLACKBURN, Dicionário de Filosofia

- Distingue verdade de validade.

Reflexão filosófica





"E que significa reflexão? A palavra vem do verbo latino reflectere, que significa «voltar atrás». É pois, um repensar, ou seja, um pensamento em segundo grau. Poderíamos, pois, dizer: se toda a reflexão é pensamento, nem todo o pensamento é reflexão. Esta é um pensamento consciente de si mesmo, capaz de se avaliar, de verificar o grau de adequação que mantém com os dados objectivos, de medir-se com o real. Pode aplicar-se às impressões e opiniões, aos conhecimentos científicos e técnicos, interrogando-se sobre o seu significado. Reflectir é o acto de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, rever, vasculhar numa busca constante de significado. É examinar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado. E é isto o filosofar.
(…) Com efeito, se a filosofia é realmente reflexão sobre os problemas que a realidade apresenta, entretanto, ela não é qualquer tipo de reflexão. Para que uma reflexão possa ser adjectivada de filosófica, é preciso que satisfaça uma série de exigências que vou reunir em apenas três requisitos: a radicalidade, o rigor e a globalidade. Quero dizer, em suma, que a reflexão filosófica, para ser tal, deve ser radical, rigorosa e de conjunto."

 D.Saviani, Do Senso Comum À Consciência Filosófica

domingo, 25 de setembro de 2011

Validade e verdade






Um argumento é válido se tiver a seguinte propriedade: se as premissas forem verdadeiras, a conclusão será verdadeira. Por que razão estamos especialmente interessados na validade? Acontece que a validade é uma propriedade particularmente agradável para um argumento. Pois se o leitor raciocinar validamente (isto é, se o seu raciocínio puder ser representado por um argumento válido) e se partir de premissas verdadeiras, nunca será conduzido ao erro. E se conseguir que alguém aceite as suas premissas como verdadeiras, essa pessoa tem de aceitar como verdadeiro seja o que for que se siga validamente dessas premissas. Os filósofos são entusiastas dos argumentos válidos. Procuram e conseguem que concordemos com algumas pequenas premissas inocentes, oferecendo depois o que pretendem ser argumentos válidos que têm todo o tipo de conclusões surpreendentes e grandiosas. Nas Meditações, Descartes começa por uma premissa inócua – Penso – e conclui: Deus existe. Claro que temos tendência para pensar que ele se apoiou implicitamente em mais algumas premissas que foram suprimidas, com as quais podemos discordar, ou que cometeu um erro no seu argumento. Mas se as premissas fossem verdadeiras e o raciocínio válido, a sua conclusão de que Deus existe seria verdadeira. E se nós aceitássemos as suas premissas e o seu argumento, estaríamos obrigados a aceitar a sua conclusão. (…) Exprimimos isto afirmando que os argumentos válidos preservam a verdade. Se começar com verdades e raciocinar validamente aquilo a que chegar será verdade. O facto dos argumentos válidos preservarem a verdade torna-os atraentes.
              Newton-Smith, Lógica, Um Curso Introdutório

  1. O que é um argumento válido?
  2. O que quer dizer: "Os agumentos válidos preservam a verdade"?

O que é a Filosofia?





A palavra grega filósofo (philosophos) é formada em oposição a sophos, significa o que ama o saber, em contraposição ao possuidor de conhecimentos que se designava por sábio. Este sentido da palavra manteve-se até hoje: é a demanda da verdade e não a sua posse que constitui a essência da Filosofia(...)
                                                                    Karl Yaspers, Iniciação Filosófica





A filosofia e a ciência surgem quando se abandona o mito, substituindo-o pela explicação racional. Utilizamos a expressão “explicação racional” para traduzir o termo grego “logos”. A filosofia surge, pois, quando o logos substitui o mito na função de explicar a realidade em toda a sua complexidade (…). Este acontecimento ocorreu na cultura grega, por volta do século VI a.C.


“Foi, com efeito, pela admiração que os homens, assim hoje como no começo, foram levados a filosofar, sendo primeiramente abalados pelas dificuldades mais óbvias, e progredindo em seguida pouco a pouco até resolverem alguns problemas maiores: por exemplo, as mudanças da lua, as do sol e dos astros e a génese do universo (…)”
                                                                                 Aristóteles, Metafísica

sábado, 2 de julho de 2011

FINAL DE ANO - A Disciplina de Filosofia




“De onde vimos? O que somos? Para onde vamos?”, Gaugin

Ao longo desta nova etapa da minha vida de estudante, a Filosofia revelou-se uma disciplina muito importante visto que me tem proporcionado uma nova “visão” relativamente à vida, ao ser humano e ao mundo que o rodeia. O ser humano define-se pela consciência de si próprio e do mundo que o rodeia, pelas dimensões do pensamento e da acção. E enquanto ser consciente procura a compreensão e o sentido da realidade e da existência.
A aprendizagem da filosofia permitiu-me desenvolver novas competências, permitiu-me aprender a não tomar como certo o que me é apresentado mas pensar sobre os conceitos, a pensar criticamente e a argumentar.
A filosofia é uma nova disciplina, com métodos diferentes das restantes que cria conflitos entre as nossas ideias feitas e o que nos é ensinado, nos leva a pensar de forma autónoma e crítica, contribuindo para um desenvolvimento cognitivo (que se demonstrou no final do ano).
Assim, o contributo da filosofia para o meu desenvolvimento, enquanto ser humano, foi  relevante permitindo-me aprofundar as minhas reflexões, tendo efeitos na construção da minha personalidade.
                                                                                                                           Carolina Silva





 Esta nova disciplina foi uma boa experiência pois contribuiu para o meu desenvolvimento como pessoa e levou-me a questionar-me e a reflectir sobre questões e problemas. Esta disciplina desenvolveu o meu espírito crítico, fez-me aprofundar matérias e compreender as várias perspectivas em relação um mesmo problema ou tema.

                                                                                                        Alexandra Almeida

A Filosofia como nova disciplina foi uma óptima experiência, este ano lectivo. Com ela aprendi (e estou a aprender) novos modos de pensar, novas formas de ver a vida, de formular e pensar sobre os problemas. Esta disciplina contribuiu imenso para o desenvolvimento das minhas capacidades, contribuiu para a minha formação pessoal. Aprendi a questionar o que parece óbvio e a abrir-me a diferentes perspectivas e culturas…

                                                                                                            Ana Filipa

Através da filosofia consegui perceber melhor problemas e perspectivas sobre a vida e sobre as coisas, construir as minhas próprias ideias e desenvolver argumentos para as defender.

                                                                                                              Maria Ana

FINAL DE ANO - Os temas preferidos da turma





Um dos temas que mais gostei foi, na introdução inicial à disciplina, a abordagem a Platão. Foi importante para compreender a necessidade de questionar e destruir as ideias feitas do senso comum e percorrer o árduo caminho para abandonar a ignorância na construção do conhecimento.
                                                                                                                 Raquel Morgado

O tema que mais gostei de tratar foi a Acção Humana, especificamente a Ética, pelas questões que coloca ao nível da universalidade dos valores. Penso que a reflexão sobre estas questões e a compreensão das várias perspectivas me desenvolveram enquanto pessoa.

                                                                                                                  Alexandra Almeida

O tema que mais gostei de estudar foi a estética porque fez com que eu percepcionasse os objectos estéticos com “outros olhos” na medida em que desenvolvi a capacidade de apreciar uma obra de arte, procuro analisar elementos como o tema, as formas, cores, materiais, as intenções do artista…

                                                                                                                       Marisa Lourenço


FINAL DO ANO - Os Filósofos preferidos







(…) senti-me fascinado pelas teorias de Kant, não só pela sua clareza e pela universalidade dos seus princípios, mas, sobretudo, por ser um filósofo que preocupou com todas as dimensões do ser humano, a ética, a estética e o conhecimento que vamos estudar para o ano.
                                                                                                                            
                                                                                                                    Ruben Guerreiro


O meu filósofo preferido foi, sem dúvida, Kant. Penso que o Imperativo Categórico tem toda actualidade, enquanto princípio de acção, porque embora muitas vezes não possa ser cumprido, deve ser uma referência a seguir por todos os seres humanos.

                                                                                                                          Raquel Morgado


Gostei muito de Stuart Mill porque foi o filósofo que mais me fez pensar. A concepção  consequencialista e o critério de “utilidade” exigem que se aprofunde a interpretação do que se entende por “as melhores consequências para os envolvidos”, que nos confrontemos com as dificuldades da  previsão das consequências e que encaremos algumas permissões que contrariam o que estamos habituados a considerar como dever,  na forma como são resolvidas algumas situações e dilemas morais.
                                                                                                                         Vanessa Crujo

sábado, 11 de junho de 2011

Problemas do Mundo Contemporâneo - A Responsabilidade Ecológica






A ecologia está mundializada. Esta é a mais preocupante das revoluções (...). A ecologia é, segundo a tradição, o conjunto de regras de adaptação do homem ao seu meio de vida. Ora, os acontecimentos mundiais, sem fronteira, sem limite e talvez sem refúgio, vêm alterar esta ordem mais fina e mais localizada dos homens e das coisas. A catástrofe nuclear de Tchernobyl lança sobre a Europa uma núvem radioactiva cujos efeitos obedecem a leis que não se circunscrevem às do espaço imediato. Os gases poluentes criam por cima das grandes cidades ameaças para a saúde dos mais fracos. A epidemia da Sida, aparece não sabemos onde, estendendo-se aos cinco continentes, antes que a medicina mais avançada tenha tido tempo de descobrir a sua cura.
Isto não passa de exemplos. Mas as ameaças ecológicas mudaram de escala, tornaram-se mais planetárias do que locais ou regionais, mais meteorológicas ou biológicas nos seus suportes, e as angústias que as acompanham são na mesma escala (...)
                                                                                                       Armand Frémond

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Problemas do Mundo Contemporâneo - Os Direitos Humanos





Os Direitos Humanos e a Globalização

Os Direitos Humanos são o conjunto de prerrogativas essenciais que as autoridades políticas e todos os cidadãos devem reconhecer para que o indivíduo se possa realizar integralmente como pessoa e como ser social.



Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789),
aprovada pela Assembleia Constituinte Francesa.


1ª Geração dos Direitos Humanos: Direitos Civis e Políticos.
2ª Geração dos Direitos Humanos: Direitos Económicos, Sociais e Culturais.
3ª Geração dos Direitos Humanos: Direitos de Diferenciação e Direitos Colectivo.

Visita de Estudo CAM




Helena Almeida, Pintura Habitada, 1976


Helena Almeida, Tela habitada, fotografia 1976
Helena Almeida segue uma corrente contemporânea. Esta tem percorrido uma investigação plástica tão rigorosa quanto original, multiplicando, em cada uma das suas abordagens visuais, a capacidade perceptual do homem numa dimensão nada frequente.
Ao contemplar esta fotografia fiquei surpreendido com a maneira de como a autora fez uso das sombras, usando-as para causar um efeito de movimento, pela sucessão e pela maneira de como a imagem parece estar a trespassar a fotografia.
Esta imagem causou-me intriga e admiração. Gostei.   
                                                                                                             Daniel Contreiras

António Pedro, Nocturno - Árvores humanas, 1940
Óleo sobre Tela


       Deu-me muito prazer contemplar esta obra de arte de António Pedro (pintor do século XX); posso dizer que achei a obra bastante interessante em termos das formas, das cores e do que pretendia transmitir ao público.Tive a oportunidade de apreciar ao vivo uma pintura que pertence a uma corrente chamada surrealismo, da qual gosto imenso. Achei esta obra de arte belíssima.
                                                                                      Alexandra Almeida


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