De acordo com uma tese amplamente
aceite – e que aqui oporemos -, as ciências empíricas podem caracterizar-se
pelo facto de empregarem os chamados métodos indutivos. Segundo esta
perspetiva, a lógica da investigação científica seria idêntica à lógica indutiva,
ou seja, à análise lógica de tais métodos indutivos.
É habitual chamar “indutiva” a
uma inferência quando passa de afirmações singulares (por vezes chamadas “particulares”),
tais como descrições dos resultados de observações ou de experiências, para
afirmações universais, tais como hipóteses ou teorias.
Ora bem, de um ponto de vista
lógico, está longe de ser óbvio que a inferência de afirmações universais a
partir de afirmações particulares, por mais elevado que seja o seu número,
esteja justificada. pois qualquer conclusão a que cheguemos por esta via, corre
sempre o risco de um dia se tornar falsa: seja qual for o número de cisnes
brancos que tenhamos observado, isso não justifica a conclusão de que todos os
cisnes são brancos.
A questão de saber se as inferências
indutivas são justificadas, ou sob que condições o estão, é conhecida como o
problema da indução.
Popper, “A Lógica da
Investigação Científica”, in Textos e
Problemas da Filosofia,(org Aires Almeida e Desidério Murcho”
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