quarta-feira, 24 de abril de 2013

Tentativas de solução ao problema da indução



"Não podemos ter a certeza que o sol irá nascer amanhã, mas podemos, com base na indução, achar que isso é altamente provável"


Parece funcionar
Uma resposta ao problema da indução é fazer notar que a confiança na indução não é apenas generalizada, mas também razoavelmente frutuosa; a maior parte das vezes é uma forma bastante útil de descobrir irregularidades na natureza e de descobrir o seu comportamento futuro.
Como já fizemos notar, a ciência permitiu-nos mandar pessoas à lua: se a ciência se baseia no princípio da indução temos muitíssimos indícios de que a nossa crença na indução é justificada. É claro que há sempre a possibilidade do sol não nascer amanhã ou de, como a galinha, nos torcerem o pescoço mal acordemos amanhã, mas a indução é o melhor método que temos. Nenhuma outra forma de argumentação nos ajuda a prever melhor o futuro do que o princípio da indução.(...)

Uma objeção a esta defesa do princípio da indução afirma que a própria defesa se apoia na indução. Por outras palavras, é um argumento viciosamente circular. O argumento acaba por não ser mais do que afirmar que, porque a indução demonstrou no passado ser bem sucedida, sob vários aspetos, continuará a sê-lo no futuro.(...)


Probabilidade

Outra resposta ao problema da indução é admitir que apesar de nunca podermos mostrar que a conclusão de um argumento indutivo é cem por cento certa, podemos, no entanto mostrar que é muito provavelmente verdadeira. As chamadas leis da natureza que a ciência descobre não estão absolutamente demonstradas como verdadeiras: são generalizações que têm uma alta probabilidade de serem verdadeiras. Quantas mais observações confirmarem estas leis, mais provavelmente serão verdadeiras. Esta resposta é por vezes conhecida como probabilismo. Não podemos ter a certeza que o sol irá nascer amanhã, mas podemos, com base na indução, achar que isso é altamente provável.

Contudo, uma objeção a esta ideia é que a própria probabilidade pode mudar. A atribuição de probabilidades a um acontecimento futuro é baseada na frequência da sua ocorrência no passado. Mas a única justificação para supor que a probabilidade se verificará no futuro é ela própria indutiva. Logo, trata-se de um argumento circular, uma vez que confia na indução para justificar a nossa confiança na indução.

                                                              Nígel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia

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