Começarei por perguntar: quais são as características de
uma boa teoria científica? Entre muitas das respostas usuais, seleccionei
cinco, não porque sejam exaustivas, mas porque são individualmente importantes
e em conjunto suficientemente variadas para indicar o que está em jogo. Em
primeiro lugar, uma teoria deve ser exacta: quer dizer, no seu domínio, as
consequências deduzíveis de uma teoria devem estar em concordância demonstrada
com os resultados das experimentações e observações existentes. Em segundo
lugar, uma teoria deve ser consistente, não só internamente ou com ela própria,
mas também com outras teorias correntemente aceites e aplicáveis a aspectos
relacionados da natureza. Terceiro, deve ter um longo alcance: em particular,
as consequências de uma teoria devem estender-se muito para além das
observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava
projectada em princípio. Quarto, e relacionado de perto com o anterior, deve
ser simples, ordenando fenómenos que, sem ela, seriam individualmente isolados
e, em conjunto, seriam confusos. Quinto - uma rubrica um tanto ou quanto menos
padronizada, mas de especial importância para decisões científicas reais -, uma
teoria deve ser fecunda quanto a novas descobertas de investigação: deve
desvendar novos fenómenos ou relações anteriormente não verificadas entre
fenómenos já conhecidos.