Magritte
Porquê estudar filosofia
Qual
é afinal a importância de estudar filosofia? Começar a questionar as
bases fundamentais da nossa vida pode até ser perigoso: podemos acabar
por nos sentir incapazes de fazer o que quer que seja, paralisados por
fazer demasiadas perguntas.
Na verdade, a caricatura do filósofo é geralmente a de alguém que é brilhante a lidar com pensamentos altamente abstractos no conforto de um sofá, numa sala de Oxford ou Cambridge, mas incapaz de lidar com as coisas práticas da vida: alguém que consegue explicar as mais complicadas passagens da filosofia de Hegel, mas que não consegue cozer um ovo.
Na verdade, a caricatura do filósofo é geralmente a de alguém que é brilhante a lidar com pensamentos altamente abstractos no conforto de um sofá, numa sala de Oxford ou Cambridge, mas incapaz de lidar com as coisas práticas da vida: alguém que consegue explicar as mais complicadas passagens da filosofia de Hegel, mas que não consegue cozer um ovo.
A vida examinada
Uma
razão importante para estudar filosofia é o facto de esta lidar com
questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. A maior
parte das pessoas, num ou noutro momento da sua vida, já se interrogou a
respeito de questões filosóficas. Por que razão estamos aqui? Há alguma
demonstração da existência de Deus? As nossas vidas têm algum
propósito? O que faz com que algumas ações sejam moralmente boas ou más?
Poderemos alguma vez ter justificação para violar a lei? Poderá a nossa
vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo, ou seremos
apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? E assim
por diante.
A
maior parte das pessoas que estuda filosofia acha importante que cada
um de nós examine estas questões. Algumas até defendem que não vale a
pena viver a vida sem a examinar. Persistir numa existência rotineira
sem jamais examinar os princípios na qual esta se baseia pode ser como
conduzir um automóvel que nunca foi à revisão. Podemos justificadamente
confiar nos travões, na direcção e no motor, uma vez que sempre
funcionaram suficientemente bem até agora; mas esta confiança pode ser
completamente injustificada: os travões podem ter uma deficiência e
falharem precisamente quando mais precisarmos deles. Analogamente, os
princípios nos quais a nossa vida se baseia podem ser inteiramente
sólidos; mas, até os termos examinado, não podemos ter a certeza disso.
Contudo,
mesmo que não duvidemos seriamente da solidez dos princípios em que
baseamos a nossa vida, podemos estar a empobrecê la ao recusarmo nos a
usar a nossa capacidade de pensar. Muitas pessoas acham que dá demasiado
trabalho ou que é excessivamente inquietante colocar este tipo de
questões fundamentais: podem sentir se satisfeitas e confortáveis com os
seus preconceitos. Mas há outras pessoas que têm um forte desejo de
encontrar respostas a questões filosóficas que representem um desafio.
Aprender a pensar
Outra
razão para estudar filosofia é o facto de isso nos proporcionar uma boa
maneira de aprender a pensar mais claramente sobre um vasto leque de
assuntos. Os métodos do pensamento filosófico podem ser úteis em
variadíssimas situações, uma vez que, ao analisar os argumentos a favor e
contra qualquer posição, adquirimos aptidões que podem ser aplicadas
noutras áreas da vida. Muitas pessoas que estudam filosofia aplicam
depois as suas aptidões em profissões tão diferentes quanto o direito, a
informática, a consultoria de gestão, o funcionalismo público e o
jornalismo áreas onde a clareza de pensamento é um grande trunfo. Os
filósofos usam também a perspicácia que adquirem acerca da natureza da
existência humana quando se voltam para as artes: alguns filósofos foram
também romancistas, críticos, poe¬tas, realizadores de cinema e
dramaturgos de sucesso.
[...]
Nigel Warburton, Elementos Básicos da filosofia
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