As regras para argumentar não
são, pois, arbitrárias: elas têm um objetivo específico. Mas os estudantes (tal
como outros escritores) nem sempre compreendem qual é o objectivo quando pela
primeira vez lhes pedem para escrever um ensaio argumentativo — e se não se
compreende o objetivo do que nos é pedido, é improvável que o façamos bem.
Muitos estudantes, quando lhes pedem que argumentem a favor dos seus pontos de
vista acerca de um qualquer assunto, escrevem declarações intrincadas dos seus
pontos de vista, mas não oferecem verdadeiramente nenhumas razões para pensar
que os seus pontos de vista são correctos. Escrevem um ensaio, mas não escrevem
um ensaio argumentativo.
Este erro é natural. Na escola
secundária, a ênfase é colocada na aprendizagem de assuntos que são
razoavelmente pouco ambíguos e incontroversos. Não é necessário argumentar que
foi Vasco da Gama que descobriu o caminho marítimo para a Índia, ou que Eça de
Queirós escreveu Os Maias. Estes são factos que o estudante se limita a
dominar, e que os seus ensaios se limitam a relatar.
(…) Sim, é verdade que foi o
Vasco da Gama que descobriu o caminho marítimo para a Índia, mas quais foram
verdadeiramente as causas da política expansionista? Sim, é verdade que o Eça
de Queirós escreveu Os Maias, mas qual é o significado do romance? Há razões e
dados favoráveis a diferentes respostas. Aos estudantes destes cursos é pedido
que aprendam a pensar por si próprios, que formem as suas próprias opiniões de
forma responsável. A habilidade para defender as suas opiniões é um sinal dessa
capacidade, e é por isso que os ensaios argumentativos são tão importantes.
(…) Para escrever um bom ensaio argumentativo o estudante tem de usar
argumentos simultaneamente como um meio de investigação e como uma maneira de
explicar e defender as suas conclusões. Para se preparar para escrever um
ensaio, o estudante tem de explorar os argumentos que existem para os pontos de
vista opostos; é necessário depois escrever o próprio ensaio como um argumento,
defendendo as suas conclusões com argumentos e avaliando criticamente alguns
dos argumentos dos pontos de vista opostos.
Anthony
Weston, A Arte de Argumentar
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