A adesão ao teste intermédio de Filosofia não é consensual.
A oposição ao teste intermédio integra, entre outros, argumentos relativos à natureza dos exames e
às limitações didáticas e pedagógicas decorrentes da existência de avaliação
externa: os exames não são essenciais à aprendizagem e nem sempre constituem os
instrumentos mais adequados e/ ou fiáveis para avaliar as competências
adquiridas pelos alunos; o ensino da filosofia não pode limitar-se à
preparação/ treino dos alunos para a realização de um exame; podemos motivar os
alunos e desenvolver um bom trabalho sem a perspetiva de exame; o problema da
fiabilidade intercorretores pode por (põe) em causa os seus resultados; o teste
intermédio não é essencial para preparar os alunos para exame (sempre se
fizeram exames sem testes intermédios); os testes intermédios constituem um
limite ao exercício da autonomia científica e pedagógica dos professores/
grupos disciplinares nas escolas…
Ora, eu defendo
claramente a existência do teste intermédio na sequência da existência do
exame nacional (exame que deveria ser obrigatório). Integrado no processo de preparação
para exame parece-me importante, tanto do ponto de vista do aluno, como do
professor (há benefício para os alunos e para o professor experimentarem uma
prova externa que antecipa o exame).
Mas a questão que
me parece fundamental é que avaliação externa tem um papel importante,
regulador da qualidade de ensino; ela supõe que se estabeleçam conteúdos
programáticos, que se definam competências a desenvolver e a avaliar, para
todos os alunos, independentemente da escola que frequentam ou do professor que
lhes “calha”. O programa aberto aos percursos, perspetivas, opções e
preferências de cada um propiciou uma ampla liberdade para dar as aulas ao “critério
de cada um”. E este “ficar ao critério de cada um”, como sabemos, pode dar para
o melhor ou para o pior...
A filosofia enquanto
disciplina do ensino secundário precisa de se reabilitar, de ser reconhecida a
sua importância curricular (com um estatuto equiparado às outras disciplinas
consideradas estruturantes), enquanto disciplina que permite desenvolver a capacidade
de argumentar e pensar criticamente.
É claro que o
ensino da filosofia não se deve centrar/ esgotar na preparação dos alunos para o
exame, daí a importância da concordância entre a seleção de conteúdos relevantes e das competências a desenvolver e a
avaliar nas aulas e aquelas que são objeto dos exames.
. H.B.
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