Os defensores da utilidade também
são frequentemente chamados a responder a objeções como esta – que antes da
ação, não há tempo para calcular e pesar os efeitos de qualquer linha de
conduta na felicidade geral. Isto é exactamente como se alguém dissesse que é
impossível guiqr a nossa conduta pelo cristianismo, já que sempre que tenho de
fazer alguma coisa, não há tempo para ler todo o Antigo e o Novo Testamento. A
resposta à objeção é que tem havido muito tempo, nomeadamente todo o passado da
espécie humana. Ao longo desse tempo, a humanidade tem vindo a descobrir as
tendências das ações através da experiência, dependendo dessa experiência toda
a prudência, bem como toda a moralidade da vida. As pessoas falam como se o
começo desse curso de experiência tivesse sido posto de parte até aqui, e como
se, no momento em que o homem se sente tentado a intrometer-se na propriedade
ou na vida do outro, tivesse de começar a considerar pela primeira vez se o
assassínio ou o roubo são prejudiciais para a felicidade humana. Penso que
mesmo nesse caso ele não consideraria a questão muito enigmática, mas, seja
como for, a questão hoje chegar-lhe-ia resolvida às mãos. É realmente estranho
que, se os seres humanos tivessem concordado quanto a considerar a utilidade como
o teste da moralidade, permaneceriam sem qualquer acordo sobre aquilo que é
útil e não tomariam quaisquer medidas para que as suas noções sobre o assunto
fossem ensinadas aos jovens e inculcadas pela lei e pela opinião.(…)
É estranho pensar que o
reconhecimento de um primeiro princípio é inconsistente com a admissão de
princípios secundários. Informar um viajante sobre o lugar do seu destino
último não é proibir o uso de pontos de referência e de sinais pelo caminho. A
proposição de que a felicidade é o fim e o objectivo da moralidade não
significa que não se possa construir qualquer estrada para atingir esse objectivo,
ou que as pessoas que seguem para lá não devam ser aconselhadas a seguir ima direcção
em vez de outra. (…) Seja qual for o principio que adoptemos como princípio
fundamental da moralidade, precisamos de princípios subordinados através dos
quais possamos aplica-los; a impossibilidade de passarmos sem eles, sendo comum
a todos os sistemas, não pode proporcionar qualquer argumento contra um em
particular (…)
Stuart Mill,
Utilitarismo
Neste site: A ÉTICA UTILITARISTA DE STUART MILL
Sebenta de Filosofia: Síntese - Ética Utilitarista de Stuar Mill
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Formule a crítica ao utilitarismo referida no
texto.
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Como responde o autor a essa crítica?
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Apresente outras críticas à ética utilitarista
de Stuart Mill.
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