Descartes e Hume consideram que:
- Não percecionamos diretamente os objetos físicos, apenas temos acesso às perceções ou ideias da nossa própria mente.
- Acreditamos que as nossas percecões sensíveis são causadas pelos objetos físicos e que se assemelham a eles.
Mas será que podemos justificar essa crença?
DESCARTES
A realidade do mundo físico
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A prova da existência de Deus permite:
- Afastar a hipótese do génio maligno
- Confiar no critério de clareza e distinção das ideias
- Procurar as ideias claras e distintas e progredir no conhecimento – a fonte fundamental de conhecimento é a razão e não a experiência
- Ter a certeza que as nossas percepções sensíveis correspondem à existência de objetos físicos
ARGUMENTO
· Tenho uma inclinação muito forte para acreditar que as minhas percepções sensíveis são criadas por objetos físicos
· Se eu estivesse enganado sobre esta forte inclinação, Deus seria enganador
· Mas Deus não é enganador
· Logo, a minha inclinação para acreditar que as minhas percepções sensíveis são criadas por objetos físicos é correta
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adaptação cogito
HUME
É uma questão de facto se as percepções dos sentidos são produzidas por objetos externos, a elas semelhantes: como irá decidir-se tal questão?
Pela experiência, certamente, como todas as outras questões de natureza similar. Mas, aqui, a experiência é e deve ser inteiramente muda. A mente nunca tem algo presente a si a não ser as perceções e, possivelmente, não pode obter qualquer experiência da sua conexão com os objetos. Por conseguinte, a suposição de uma tal conexão é desprovida de todo o fundamento no raciocínio.
Hume, Investigação sobre o entendimento Humano
A realidade do mundo físico
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Temos a crença num mundo exterior às nossas mentes que é a causa das nossas impressões
Acreditamos que as percepções sensíveis são causadas pelos objetos físicos
↓
Não podemos confundir os objetos exteriores à nossa mente com as nossas percepções dos mesmos
O que está presente na nossa mente não são os objetos reais mas sim uma imagem ou representação – não estamos em contato direto com o mundo exterior.
↓
A nossa experiência não pode estender-se para além das nossas impressões e estas não podem ser confundidas com os objetos em si mesmos
De acordo com a ideia de causalidade não podemos atribuir aos objetos a causa das nossas percepções porque não há observação de conjunção constante entre percepções e objetos físicos, uma vez que a conjunção constante verifica-se entre impressões ou percepções e não entre percepções e objetos físicos.
Não temos forma de saber que as nossas perceções são causadas são causadas por objetos físicos - esta crença não se pode justificar. |
adaptação cogito
QUADRO COMPARATIVO - DESCARTES E HUME
ASPETOS DE COMPARAÇÃO
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DESCARTES
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HUME
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A origem do conhecimento
Qual a fonte prioritária de conhecimento?
A razão/ pensamento ou os sentidos?
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O pensamento ou razão é a principal fonte de conhecimento.
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A principal fonte do conhecimento está nas impressões dos sentidos.
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A origem das ideias
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Temos ideias inatas (ex: Deus)
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- Não temos ideias inatas.
- Todas as ideias têm origem nas impressões dos sentidos(até a ideia de Deus)
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A natureza da mente
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A mente é uma substância pensante, sem extensão, que suporta as nossas ideias.
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A mente reduz-se a um agregado de perceções.
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Fundamento do conhecimento
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O fundamento do conhecimento é racional (a priori), cogito e ideias claras e distintas.
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- O fundamento é empírico (a posteriori), encontra-se na vivacidade que os dados dos sentidos deixam na nossa mente.
- Não temos conhecimento a priori sobre questões de facto.
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Validade do conhecimento
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A existência de Deus garante que as nossas faculdades, devidamente utilizadas, proporcionam o conhecimento.
O conhecimento obtido por dedução (a partir de premissas verdadeiras) é infalível, absolutamente certo.
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O conhecimento que se obtém por indução não pode ser considerado absolutamente certo (problema da indução), mesmo que parta de premissas verdadeiras.
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O que podemos saber?
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Podemos saber que somos seres pensantes, que temos corpo, que Deus existe e que o mundo físico existe.
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- Só podemos saber o que tem origem nas impressões sensíveis.
- Quando ultrapassamos o testemunho dos sentidos e da memória, apoiamo-nos em suposições que não podemos justificar.
- Não podemos conhecer as relações de causa e efeito (não podemos justificar a crença na uniformidade da natureza)
- Não sabemos que o mundo exterior existe.
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A resposta aos céticos
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Os céticos foram refutados (recorrendo à própria dúvida cética).
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Temos que moderar as nossas pretensões ao conhecimento. (ceticismo moderado)
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