domingo, 16 de setembro de 2012

O mundo de Sofia




Cara Sofia! Há muitas pessoas que têm diversos hobbys. Algumas coleccionam moedas antigas ou selos, outras fazem trabalhos manuais, outras ainda dedicam quase todo o tempo livre a uma modalidade desportiva.
Muitos gostam de ler. Mas aquilo que lemos pode variar muito. Há quem leia apenas jornais ou banda desenhada, outros gostam de romances, outros ainda preferem livros sobre os mais variados temas como a astronomia, a vida selvagem ou as descobertas técnicas.
Se estou interessado em cavalos ou pedras preciosas, não posso exigir que todos os outros partilhem desse interesse. Se me sento em frente à televisão encantado com todos os programas desportivos, tenho de aceitar que outros possam achar o desporto aborrecido.
Haverá alguma coisa que interesse a toda a gente? Há alguma coisa que diga respeito a todas as pessoas, independentemente do que são e do sítio do mundo em que vivem? Sim, cara Sofia, há questões que dizem respeito a todos os homens. E neste curso trata-se exactamente dessas questões.


Qual então a coisa mais importante da vida? Se o perguntarmos a alguém num país com o problema da fome, a resposta é: a comida. Se pusermos esta questão a alguém que esteja com frio, nesse caso a resposta é: o calor. E se perguntarmos a uma pessoa que se sinta muito sozinha a resposta será certamente: a companhia de outras pessoas.
Mas admitindo que todas estas necessidades estão satisfeitas – será que resta alguma coisa de que todos os homens precisam? Os filósofos acham que sim. Segundo eles, o homem não vive apenas do pão. É evidente que todos os homens precisam de comer e de atenção, mas há algo mais de que todos os homens precisam. Precisamos de descobrir quem somos e porque é que vivemos.
Interessarmo-nos pela razão da nossa existência não é um interesse ocasional, como o interesse em coleccionar selos. Quem se interessa por tais problemas, preocupa-se por tudo o que os homens discutem. A questão acerca da origem do universo, do globo terrestre e da vida é mais vasta e mais importante do que saber quem ganhou medalhas de ouro nos últimos Jogos Olímpicos.

A melhor maneira de nos iniciarmos em filosofia é colocar perguntas filosóficas:
Como se formou o mundo? Haverá uma vontade ou um sentido por detrás daquilo que acontece? Haverá vida depois da morte? E, acima de tudo, como deveríamos viver?
                                                                                 
                                 Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia


                                                                              

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