sábado, 28 de abril de 2012

A perspetiva falsificacionista



1. Indução

Uma linha de resposta bastante diferente para o problema da indução deve-se a Karl Popper. Popper olha para a prática da ciência para nos mostrar como lidar com o problema. Segundo o ponto de vista de Popper, para começar a ciência não se baseia na indução. Popper nega que os cientistas começam com observações e inferem depois uma teoria geral.
Em vez disso, primeiro propõem uma teoria, apresentando-a como uma conjectura inicialmente não corroborada, e depois comparam as suas previsões com observações para ver se ela resiste aos testes. Se esses testes se mostrarem negativos, então a teoria será experimentalmente falsificada e os cientistas irão procurar uma nova alternativa. Se, pelo contrário, os testes estiverem de acordo com a teoria, então os cientistas continuarão a mantê-la não como uma verdade provada, é certo, mas ainda assim como uma conjectura não refutada.
Se olharmos para a ciência desta maneira, defende Popper, então veremos que ela não precisa da indução. Segundo Popper, as inferências que interessam para a ciência são refutações, que tomam uma previsão falhada como premissa e concluem que a teoria que está por detrás da previsão é falsa. Estas inferências não são indutivas, mas dedutivas. Vemos que um A é não-B, e concluímos que não é o caso que todos os As são Bs. Aqui não há hipótese de a premissa ser verdadeira e a conclusão falsa. Se descobrirmos que um certo pedaço de sódio não fica laranja quando é aquecido, então sabemos de certeza que não é o caso que todo o sódio aquecido fica laranja. Aqui o facto interessante é que é muito mais fácil refutar teorias do que prová-las. Um único exemplo contrário é suficiente para uma refutação conclusiva, mas nenhum número de exemplos favoráveis constituirá uma prova conclusiva.

2. Falsificabilidade
Assim, segundo Popper, a ciência é uma sequência de conjecturas. As teorias científicas são propostas como hipóteses, e são substituídas por novas hipóteses quando são falsificadas. No entanto, esta maneira de ver a ciência suscita uma questão óbvia: se as teorias científicas são sempre conjecturais, então o que torna a ciência melhor do que a astrologia, a adoração de espíritos ou qualquer outra forma de superstição sem fundamento? Um não-popperiano responderia a esta questão dizendo que a verdadeira ciência prova aquilo que afirma, enquanto que a superstição consiste apenas em palpites. Mas, segundo a concepção de Popper, mesmo as teorias científicas são palpites — pois não podem ser provadas pelas observações: são apenas conjecturas não refutadas.
(...)
                                                                                                   David Papineau
  

Para ler o texto completo: http://www.aartedepensar.com/leit_falsificacionismo.html


O falsificacionismo, em vez de procurar o acordo entre a predição (consequência deduzida da hipótese) e a observação – confirmação-, procura observações que a falsifiquem.





A perspetiva falsificacionista de Popper




Conjeturas e refutações

-        Avançam-se teorias como resposta a problemas e criticam-se através de testes

-        Os cientistas devem ser ousados nas teorias que propõem ( estas devem ser muito informativas/falsificáveis) e críticos nos testes a que as submetem (testes severos)

-        A falsificação de teorias obriga os cientistas a avançarem novas teorias mais resistentes aos testes lógicos e empíricos

-        A ciência progride na direção da verdade quando as melhores teorias disponíveis são por fim falsificáveis → a ciência progride por conjeturas e falsificações

Método Científico
-        Problema

-        Apresentação da teoria como hipótese ou conjetura

-        Críticas -Tentativas de refutação da teoria através de testes experimentais

-        Se a conjectura resistir aos testes, é corroborada (aceite como a melhor teoria disponível). Se não resistir aos testes, é falsificada e, por isso, abandonada.








Objeções ao Falsificacionismo
O falsificacionismo não está de acordo com a prática habitual dos cientistas
Muitas teorias científicas não são conclusivamente fasificáveis

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