Justiça de Rafael, 1509-1511
(...) O que a ti e a mim agora nos importa apurar é se a ética e a politica terão alguma coisa a ver uma com a outra e o modo como se relacionam entre si. Quanto à finalidade, ambas parecem fundamentalmente aparentadas: não se tratará, em ambos os casos, do problema de viver bem? A ética e a arte de escolher o que mais nos convém para vivermos o melhor possível; o objectivo da política é organizar o melhor possível a convivência social, de modo a que cada uma possa escolher o que lhe convém. Como ninguém vive isolado (...), quem quer que tenha a preocupação ética de viver bem não pode alhear-se olimpicamente da política. Seria como fazermos questão de estar confortavelmente instalados numa casa, sem nada querermos saber das telhas partidas, dos ratos, da falta de calefacção das paredes carcomidas que podem fazer com que o prédio caia enquanto dormimos ...
Contudo, também há diferenças as importantes entre ética e política. Para começar, a ética ocupa-se do que a própria pessoa (tu, eu ou qualquer outra pessoa) faz com a sua liberdade, ao passo que a politica tenta coordenar da maneira mais benéfica para o conjunto aquilo que muitos fazem com as suas liberdades. Em Ética, o importante e querer bem (...). Para a politica, em contrapartida, o que contam são os resultados das acções,sejam estas feitas lá pelo que for, e o politico tentará fazer pressão através dos meios ao seu alcance - incluindo a força - no sentido de obter certos resultados e de evitar outros.
F. Savater, Ética para um Jovem
Ética e Moral são conceitos que dizem respeito à consciência de cada sujeito. Legalidade consiste no respeito por normas exteriores; normas jurídicas, normas que são impostas perante uma sociedade. A desobediência a essas regras terá como consequência a punição do agente em causa.
ResponderEliminarO código legal é constituído a partir do que é moralmente aceite, embora não coincidam completamente. Isto é, o moralmente correcto nem sempre é compatível com a legalidade, assim como o que não é moralmente correcto nem sempre é incompatível com a ilegalidade. Vejamos o exemplo de um homem de muito baixas possibilidades financeiras que assalta uma farmácia para que seja possível a preservação de uma outra vida, isto porque o farmaceutico em causa aproveita o facto para ganhar muito dinheiro, dinheiro que não justifica o curativo em causa.
Certamente o homem comete um crime, desobedecendo ao código legal, mas não poderá a sua acção ser considerada moral, visto que em causa está a preservação de uma vida?
Tal como o Francisco disse: Ética e Moral são conceitos que dizem respeito à consciencia de cada sujeito, enquanto a legalidade consiste no respeito a normas exteriores impostas por uma sociedade.
ResponderEliminarTodo o conjunto de leis pela qual a politica manifesta o seu poder foi aprovado pelo povo. A politica apenas se encarrega de fazer cumprir essas regras.
Se um individuo violar uma das leis será punido pela politica embora a sua moral/etica estivessem correctas.
César Fontinha
A Ética e a Moral são conceito que se aplicam ao sujeito e não a um todo, variam de indivíduo para indivíduo. A legalidade é algo que é delimitado numa sociedade. A ética e moral aplicam-se àquilo que o sujeito considera ser bom ou mau, certo ou errado, etc. A legalidade é aquilo que realmente importa numa sociedade, é o que define o que é permitido numa sociedade e aplica-se a todos os constituintes dessa mesma. Aqueles que a quebrarem, certamente não sairão impunes ao acto, apesar de na sua ética essa acção fosse considerada correcta.
ResponderEliminarA ética e a política estão relacionadas.
ResponderEliminarEmbora a ética seja relativa às leis morais e a política às leis jurídicas, elas relacionam-se visto que a política tem como base as leis morais.
Uma grande diferença entre a política e a ética é o facto que a ética ser relativa ao próprio indivíduo e á sua intenção. Sendo, segundo Kant, a única coisa totalmente boa a boa vontade, a vontade de agir por dever, estando em causa a intenção.
Enquanto que a política é relativa ao bem total, ou seja, o que importa não é a intenção mas de facto as consequências.